Capítulo 7 Rafe

Uma fração de segundo. Somente por isso eu não deixei de ver a deusa loira platinada a alguns passos de distância. Cinco minutos depois que cheguei à festa com Archer, eu já estava arrependido de ter vindo. Não me entenda mal, adoro a noite. Sair com amigos, me divertir e no fim, escolher minha companhia feminina para dividir uma madrugada regada a bom sexo. É quase que uma rotina atualmente, já que minha última lesão me afastou do circuito mundial, mas antes de vê-la, essa festa estava chata para caralho. Estava, guarde bem esse verbo, porque agora há algo — alguém — que virou completamente o jogo. O cabelo dela, solto e longo, é de um tom tão claro que se destaca em contraste com o vestido, da mesma cor de uma taça de vinho tinto. É isso o que me prende a atenção em primeiro lugar. Porque mesmo com uma roupa adequada para uma festa à noite, ela parece cem por cento natural, como uma brisa fresca, se destacando. Entretanto, após uma verificação completa, percebo que tudo nela e não só o tom chamativo do cabelo, me agrada muito. Ela tem uma cintura fina, daquele tipo que lembra uma pin-up[18] e só consigo pensar em como ficaria vestida em espartilho de seda negra, cinta liga e saltos. Não sinto qualquer vergonha de admitir que devoro seu corpo com os olhos. A mulher é uma escultura e o vestido colado não deixa muito à imaginação. Suas pernas são longas, apesar de poder ser considerada baixinha e mesmo que completamente cobertas, me excitam. Já as imagino à minha volta enquanto a seguro pelos quadris, entrando nela. Finalmente foco em seu rosto e a pego em flagrante, me encarando sem disfarçar o interesse. Sorrio porque ela parece uma presa intimidada, mas não desvia o olhar. Porra, eu daria qualquer coisa para arrancar aquela máscara e ver o que complementa a boca carnuda. De longe também não consigo definir bem a cor dos seus olhos, mas terei tempo para isso mais tarde, porque na minha cabeça, não há dúvidas de que quero a mulher linda para essa noite. Nunca fui de esperar as coisas acontecerem, então resolvo ir à caça. Levá- la embora daqui se tornou meu objetivo, mas nesse exato momento, Archer resolve aparecer, se interpondo entre nós. — A festa está uma merda. E você tinha razão quanto as máscaras. Estou me sentindo ridículo. Se a tal Noite Escura não começar logo, estou indo embora. — Eu não — falo, olhando por cima do ombro dele. Foda-se, não consigo encontrar minha deusa misteriosa em lugar algum. Vendo que não estou prestando atenção nele, olha para trás. — O que há de errado? — Vi alguém que eu quero. — Onde? Aqui parece só ter mulheres com o dobro da minha idade. — Como se isso fosse problema para você, né? — Não é mesmo. Eu não discrimino. Desde que seja gostosa, a idade é só um número. Mal ouço o que ele diz, correndo os olhos por todo o andar inferior enquanto circulamos, quando vejo um pedaço de tecido vinho no alto da escada. — Achei. Não me espere para ir embora. Vou levá-la comigo. — Se quer mesmo essa menina é melhor se apressar. Ouvi alguém dizendo que as luzes se apagarão daqui a poucos minutos. A escadaria está cheia, não só de pessoas transitando, mas algumas paradas. Vejo-a conversando com um cara loiro e aguardo a alguns passos de distância. Eu tenho muitos defeitos, mas há uma regra a qual sou fiel: nunca me envolvo com a mulher de outro. Nem por um segundo considerei que ela poderia estar acompanhada. Merda. Logo depois, no entanto, vejo o sujeito se afastar e a loira continuar seu caminho. Sua bunda é empinada, contrastando com a cintura fina. Ela tem um suave rebolado quando anda, que é sexy para caralho. — Encontrei você — falo. Sim, sutileza nunca foi meu forte. Como eu esperava, ela olha para trás. A boca de lábios cheios e que agora vejo, são naturalmente vermelhos, abre e fecha, como se pesasse o que dizer. — Daqui a pouco as luzes vão se apagar, né? Não era o que eu esperava ouvir. Achei que alguém tão sensual seria mais segura do próprio poder, mas ela parece envergonhada. Como se suas palavras tivessem poder, tudo fica escuro, mas não antes que eu descubra a cor exata dos seus olhos: azuis como os meus, só que de um tom bem mais claro. — Temos algum tipo de bruxa aqui? — sussurro, me aproximando — Não, acho que feiticeira seria mais apropriado. Só isso explicaria me fazer procurá-la pela festa inteira quando eu nem ao menos tinha certeza se não estava com alguém. Cartas na mesa para que não tenha dúvidas do que desejo. — Eu não estou. Subi para fugir da festa. — Aqui em cima parece um programa bem melhor. É esquisito, mas ao mesmo tempo íntimo conversar no escuro. — Não há nada aqui. — Tem você. E é o que eu quero hoje. Ela demora uns segundos para responder e quando o faz, novamente me surpreende: — Você tem um nome? — Todo mundo tem um nome, feiticeira. — Eu sou Petal. Pego sua mão entre as minhas para dar um beijo no dorso. — Rafael. E então, quer fugir dessa festa comigo? — Diz, irmos para outro lugar? — gagueja. — Aham. — Acho que não. Eu não te conheço. Sua resposta confirma minha intuição. Apesar de linda e sensual, ela é somente uma garota. — Tudo bem, ficamos por aqui então, mas não curto muito barulho. Onde estava indo? — Fugindo do barulho, também. Isso é estranho, já que estamos em uma festa e o barulho deveria ser bem-vindo. — Vamos ser esquisitos juntos então, Petal. Leve-me para onde pensou em ir. — Viria comigo sem me conhecer? Eu poderia sequestrá-lo. Porra, ela me excita demais. Há muito tempo não preciso jogar para ganhar uma mulher e o flerte leve do anjo loiro está fazendo meu sangue ferver. Abaixo-me para falar perto do lóbulo dela, os lábios roçando a carne macia. — Sequestre-me, então, menina bonita. De repente, fiquei a fim de me perder. — Vamos ter que explorar juntos. Nunca vim a essa casa. Pego sua mão e entro no cômodo em que estamos em frente. Mesmo na penumbra, dá para notar que é um quarto. O formato da cama é inconfundível. Se fosse na minha adolescência, ficaria mais do que feliz por ter uma tão a mão, mas não me agrada a ideia de foder na casa de alguém. Ela dá uma risada e posso ver também que balança a cabeça de um lado para o outro. — O que houve? — Um pensamento bobo, somente. — Você está bêbada? Caso a resposta seja positiva, pararemos por aqui. — Não, e você? — Não dirigiria agora, porque álcool não é muito a minha e tomei duas doses de uísque, mas sei quem é você. — E quem sou eu, Rafael? Eu a puxo pela cintura. — A deusa de cabelo loiro quase branco que fugiu de mim lá embaixo. — Agarrei a oportunidade de fugir quando seu amigo entrou na sua frente. — Por quê? — Achei que era impossível não estar acompanhado. Mesmo com o rosto parcialmente coberto, percebi que você é lindo. — Eu nunca estou acompanhado. — Por que não? — Nenhuma razão, mas prefiro sair sozinho e escolher. Relacionamentos não são para mim. Independentemente do tempo que passe com minhas parceiras, uma semana, um dia ou uma hora — não as iludo. — E então o que estamos fazendo aqui, Rafael? — Nos conhecendo. Antes das luzes apagarem, eu estava pensando em ir embora, mas depois que te vi, percebi que seria impossível. — Por quê? — Sem chance de conseguir dormir sem provar essa boca. Ela estremece em meus braços. — É o que vai fazer agora? Provar minha boca? Jesus, a garota parece apertar os botões certos para me matar de tesão. Seguro sua nuca, enroscando os dedos em seu cabelo. Encontro o que estou procurando e desfaço o laço que prende sua máscara. — Por que fez isso? — Quero tocar seu rosto sem barreiras entre nós, Petal. Corro um polegar por seu maxilar e é como encostar em seda pura. — Quero sentir você também — diz, fechando os braços em volta do meu pescoço. Ter pela primeira vez suas mãos em mim, faz o desejo que me queima desde o momento em que pus os olhos nela, explodir.
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