Capítulo 5 COLIN MONAGHAN
— Bom dia, meu amor.
Olhei para meu noivo, Colin Monaghan. Usava terno e a camisa branca por baixo estava com os primeiros botões abertos, mostrando parte do seu peito nu. Os cabelos estavam levemente despenteados, uma mecha caindo sobre a testa.
Colin era um homem bonito, inteligente e sexy. Moreno, não muito mais alto do que eu, pele clara, cabelos não muito curtos, que ele mantinha sempre bem penteados. Devido à malhação diária, tinha um belo corpo, especialmente o tórax, bíceps e abdômen, extremamente definidos. Os olhos eram âmbar e tinham um formato estreito e sedutor, finalizados com sobrancelhas grossas e escuras e cílios longos. Ele tinha um nariz bonito, que combinava com o rosto quadrado e os lábios finos. Era um homem que fazia questão de estar sempre bem barbeado.
— Ah, Colin... Oi.
— Você... Está tudo bem? Aconteceu algo? — A expressão dele pareceu de preocupação.
Respirei fundo e tentei dissipar os pensamentos que tentavam dominar minha mente e o abracei com força:
— Tudo bem, meu amor.
— Você pareceu... Decepcionada quando me viu.
— Eu? Não, claro que não. Impressão sua. — Procurei Min-ji com o olhar, mas ela não estava mais ali.
Senti a respiração dele ir relaxando aos poucos e deixar de ficar ofegante.
— Tudo bem, Colin? São seis da manhã e vamos nos casar em poucas horas. O que... — Me afastei dele e olhei em seus olhos, confusa. — O que você faz aqui?
— Eu... Eu... Precisava vê-la... Só isso. — Deu um meio sorriso.
— Passou alguma dúvida sobre o casamento nesta cabecinha? — Toquei seus cabelos, arrumando a mecha que caía sobre a testa.
Colin pegou minhas mãos e encarou-me seriamente:
— Eu nunca tive dúvidas. Amo você e jamais deixarei de amar. E eu tive certeza de que você era a mulher da minha vida assim que botei os olhos em você pela primeira vez.
Colin, Colin... Eu poderia lhe dizer isso se fosse horas atrás. A questão é que você não imagina o quanto eu estou confusa desde que um par de olhos verdes claros passaram pela minha vida. Se eu amo você? Por Deus, juro que jamais questionei isso e achei que eu era a pessoa mais decidida e feliz com minhas escolhas. Mas agora, há dúvidas... Não com relação ao que eu vou fazer, mas sim sobre sentimentos. Eu o amo de verdade? Se realmente sentisse isso da forma como imaginei, me interessaria por um completo desconhecido que vi por alguns instantes? Eu seria capaz de deixar de gostar de você algum dia, mesmo jurando perante o padre que será eterno? Há eternidade com relação a sentimentos?
— Ei, você não tem dúvidas, não é mesmo? — Ele pegou meu queixo, fazendo-me encará-lo.
Aquele gesto fez eu sentir os dedos do cantor do bar de beira de estrada e quando meus olhos fitaram os de meu noivo, foi o par de esmeraldas brilhantes que vi no lugar do âmbar, preocupado e ansioso com a resposta.
Mesmo tendo tomado um longo banho, eu ainda sentia o toque da pele do desconhecido na minha, como se tivesse me impregnado com seu perfume e tomado conta da minha mente de forma que jamais eu conseguiria apagar. E eu não estava mais sob efeito da tequila.
— Dúvidas? Não... Claro que não. Planejamos nosso grande dia por quatro longos anos.
— Não vejo a hora de ficarmos sozinhos... Sem nada nem ninguém entre nós.
— Espero que tenhamos uma linda lua de mel, Colin. E que sejamos felizes com nossa escolha.
— Seremos, meu amor.
— Eu só não entendo o que o fez vir aqui esta hora... Você nunca me surpreendeu desta forma.
— Eu só precisava deixar claro que o que sinto por você é verdadeiro, Sabrina.
— Nunca duvidei disto, Colin.
Sim, eu confiava no meu noivo. E exatamente por isso não o traí naquela noite. Por mais interessada que eu tenha ficado em Charles, fidelidade era uma palavra que tinha um peso enorme para mim. Sentia-me culpada só de pensar no desconhecido na presença de Colin.
Ele alisou meu rosto e me deu um beijo. Foi doce e gentil, como sempre. E eu precisava me livrar dos pensamentos impuros e desejos que estavam a povoar minha mente. Pensamentos estes que eram com outro homem e não com meu noivo.
Segundo Min-ji, estávamos sozinhos. Peguei a mão dele, que estava sobre a minha cintura e a desci até minhas nádegas, exigindo que ele a apertasse.
— Sentiu minha falta esta noite ou alguma prostituta me substituiu? — perguntei enquanto mordia o lábio dele, sentindo o desejo tomar conta do meu corpo.
Colin me encarou, confuso com a pergunta. O puxei para mais perto e apertei sua bunda, colando meu sexo ao dele.
— Eu... Não entendi...
— Não se faça de bobo, Colin! — Mordi novamente seu lábio inferior, trilhando beijos na sua face, descendo pelo pescoço, com gosto salgado de suor.
— Prostituta? Do que você está falando?
— Era só uma brincadeira, Colin.
— Brincadeira de mau gosto.
Suspirei, revirando os olhos. Ainda estava com o corpo junto do dele. Certamente havia vindo direto da noite da despedida e eu não tinha dúvida de que haviam mulheres, assim como houveram homens presentes na minha, embora não convidados e que tivéssemos saído completamente do planejado. Não tenho certeza se eu tinha ciúme de Colin, pois ele nunca deu motivos para isso. Também não sei se seria capaz de perdoá-lo caso ele tivesse dormido com outra mulher, visto que eu não deixava a desejar na questão do sexo, na maioria das vezes sendo mais viciada do que ele.
Puxei-o pela mão, indo em direção à escada.
— Onde vamos? — meu noivo perguntou.
— Aproveitar nossos últimos momentos de solteirice, Colin Monaghan.
— Como assim?
Comecei a rir e subi, trazendo-o junto de mim, confuso e curioso. Quando chegamos no corredor dos dormitórios, o empurrei sobre a porta do meu quarto, ainda fechada.
Comecei a abrir os botões da camisa dele, vagarosamente.
— Sabrina... Você quer... Agora?
— Eu quero! Eu exijo! Você precisa apagar meu fogo, futuro marido. — Sorri, passando o dedo sedutoramente no seu peito nu, descendo até alcançar o botão da calça, que abri.
Ele olhou para os lados, preocupado:
— Aqui não... — Tentou abrir a porta, que eu não permiti.
— Não tem ninguém em casa além dos empregados. Papai viajando, mamãe no day spa... Nem tenho certeza se Mariane voltou da noitada.
— Mas... Logo você tem compromisso... E vamos nos casar em seguida... E tem a lua de mel à noite e...
Me afastei um pouco e olhei nos seus olhos:
— Está dizendo que não quer fazer sexo comigo, Colin?
— Não, meu amor... Eu não disse isso... Sempre estou preparado para fazer sexo com você.
— A pergunta não foi se você estava preparado... E sim se você não queria.
— Quero, eu quero. — Ele pegou minha mão, colocando-a sobre seu pênis, que não deu sinal de vida, mesmo eu apertando.
O beijei, enfiando a língua dentro da boca dele, sendo correspondida e descendo a mão por dentro da calça, alcançando seu pau ainda no meio termo: nem mole nem duro. Eu estava dando o meu melhor... Eu precisava de sexo, naquele momento.
Pensei em fazer algo diferente, que pudesse deixá-lo mais excitado. Puxei-o pela mão novamente, seguindo até o final do corredor. Abri a porta do quarto dos meus pais e corri para a cama gigantesca, me jogando sobre ela.
— O que... Você está fazendo? — Ele arqueou a sobrancelha. — Este é o quarto dos seus pais.
— Exatamente... — Abri as pernas e o chamei com meu dedo indicador. — Quero fazer sexo na cama dos meus pais, futuro marido.
Ele riu:
— Isso é brincadeira, não é mesmo? — Olhou para os lados, procurando algo que eu não identifiquei o que era. — É um teste do seu pai?
— Relaxa, Colin. Papai não voltou de viagem. Se preferir, tranco a porta, assim ficamos mais à vontade.
— Você só pode estar louca, Sabrina!
— Colin, se não fizermos isso hoje nunca mais faremos. É nosso último dia de namorados, noivos ou seja lá como podemos chamar isso. Vamos fazer um sexo diferente... E arriscado.
— Isso é... De uma infantilidade sem tamanho da sua parte.
Deitei a cabeça no centro da cama, olhando para o teto de onde pendia um lustre de cristal vindo de outro país, mandado ser confeccionado especialmente para o meu pai, sendo presente de um cantor nacionalmente reconhecido.
Se eu tinha desejo de transar com meu namorado na cama dos meus pais? Não tenho certeza. Só quis inovar e fazer algo diferente.
— Eu acabei de fazer dezoito anos. Sinto muito se não estou de acordo com o que você espera... Talvez devesse casar com uma mulher de verdade, mais madura. — Não olhei na cara dele, me sentindo ofendida e rejeitada.
— Meu amor... Eu não quis dizer isso. Só falei com relação à sua atitude. É o quarto onde dormem os seus pais. Se J.R decide voltar mais cedo da viagem e nos encontra fazendo sexo na cama dele?
Levantei e fui até a porta, trancando-a com duas voltas de chave. Retirei meu roupão e fiquei completamente nua:
— Sem desculpas... Uma porta trancada e uma mulher nua. — Sorri, satisfeita.
— E se ele bater na porta? Saberá que tem alguém do lado de dentro.
— E se ele bater e souber que estamos aqui e nem se importar? Você sabe que meu pai ama você... Mais do que eu, inclusive.
Colin me encarou:
— Como assim?
— Eu quis dizer que sendo “com você”, estou autorizada a fazer sexo em qualquer lugar que quisermos. Mas enfim... Você é adepto de uma cama e quatro paredes... Ok. Já estou sentindo que não vamos inaugurar a mesa de madeira nobre, nem mesmo os mármores dos balcões da cozinha...
— Transar na cozinha é... Nojento! Sem contar que é uma completa falta de higiene.
Ok, dá para voltar no tempo e apagar o fogo com o cantor de voz de anjo e olhar de demônio? Ele iria transar comigo no banheiro do bar... Ou acho que qualquer lugar que desse para fazer.
Por que Colin tinha que ser tão certinho e centrado?
Ele veio na minha direção e tocou meus seios, enquanto analisava meu corpo nu:
— Você é tão linda, Sabrina!
— Obrigada... — Consegui abrir outro botão da camisa dele.
— Perfeita... A mulher perfeita para mim.
— Eu não quero ser perfeita, Colin. Eu quero ser o que você precisa... E o que quer.
— Eu quero você... — A mão dele deslizou pela minha barriga, chegando a minha intimidade latejante.
— Tudo bem... A gente fazer aqui? — perguntei, abrindo ainda mais as pernas.
— Sim... Tudo bem — concordou.
— Então me pegue no colo... E leve-me até a cama.
— Mas... Eu já vou fazer isso à noite. Você já deve imaginar isso, não é mesmo?
Afastei-o um pouco e disse:
— Colin, se você não quer transar, tudo bem.
— Eu quero...
Senti meu fogo se apagar instantaneamente, como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre mim. Ele ajoelhou-se e abriu meus grandes lábios com os dedos, desajeitadamente e começou a lamber-me. Me senti incomodada com o gesto mecânico:
— Eu... Estou um pouco desconfortável com isso, Colin.
— Mas... Você gosta disso... Sempre gostou.
Sim, sempre gostei. Mas achei que “você também gostasse”. Me parecia agora que fez por obrigação, por saber que me deixava satisfeita e fazia-me gozar mais rápido.
— Vamos deixar para a noite de núpcias... — Dei um sorriso sem graça.
— Jura? — Ele levantou. — Tudo bem para você?
Não... Não está tudo bem, Colin. Fui até a cama e pus-me de quatro, de costas para ele, que ficou sem ação, me encarando.
— Não está tudo bem... Quero você agora...
Meu noivo veio na minha direção imediatamente e passeou as mãos nas minhas nádegas. Abaixou a calça, junto da cueca e percebi que ficou duro imediatamente. Sorri, feliz por ter deixado meu futuro marido excitado. Afinal, ele era muito jovem para não ficar de pau duro para mim e negar sexo porque não era a “hora certa” ou por certos pudores sem sentido.
Senti seu pau na minha entrada e já fiquei molhada novamente. Tocou meus seios de forma leve. Olhei na sua direção, percebendo que ele estava sim com vontade de fazer sexo ali, naquele momento, daquela forma, mesmo indo contra tudo que ele realmente gostava, que era o tradicional.
— Vamos, Colin... Eu quero você...
— Eu... Não tenho preservativo, meu amor. Você tem no seu quarto?
— Não, eu não tenho. Nem tenho certeza se há na bolsa. Creio que tenhamos usado na última vez que saímos.
— Que raiva! Vamos ter que parar por aqui.
— Colin, nós vamos casar dentro de horas. Fizemos exames, conforme decidimos por vontade própria e sabemos que ambos não temos doenças sexualmente transmissíveis. Você foi o primeiro e único homem com quem transei na vida. E eu não me importo... Porque creio que não vamos usar preservativo todas as vezes... Depois do casamento... Estou certa?
— Meu amor, você não toma anticoncepcional.
— Colin, eu não reajo bem aos hormônios e você sabe disso.
— Tem a questão da gravidez.
— Vai ser... Só uma vez... Você pode gozar fora.
— A questão é que somos jovens para ter filhos e...
O empurrei com força e sai da cama, indo pegar minha vestimenta.
— Meu amor, não se sinta ofendida... Eu não quis, juro.
— Esquece, Colin. Está tudo bem. — Abri a porta e saí.
Colin veio atrás de mim. Abri a porta do meu quarto e antes que ele entrasse, pus meu corpo na frente dele:
— Vá para casa, Colin. Tome um banho, tire o cheiro e o gosto de suor do seu corpo e durma. Se você não funcionar à noite, eu juro que devolvo você para sua família. — Levantei o dedo na sua direção e alterei a voz. — Eu não vou fazer sexo o resto da vida usando uma borracha de látex porque você tem medo de eu engravidar. E se eu engravidar e formos jovens, azar... Decidimos casar sabendo que eu tinha dezoito anos e você vinte e três. Se eu quero ter um filho? Não, eu não quero. Mas também não vou morrer sem experimentar sexo sem camisinha ou passar a vida transando numa cama, entre quatro paredes, porque você tem medo de se aventurar e fazer algo diferente.
Virei e bati a porta com força. Tranquei-a para não correr o risco de ele vir pedir desculpas.
Fui para o closet, que era um espaço gigantesco, quase do tamanho do meu dormitório. De lá eu não conseguiria sequer ouvir a voz de Colin, caso ele viesse atrás de mim.