Capítulo 8 Ele estava flertando comigo?
Dante, não parecia ver a cidade com o mesmo entusiasmo que eu. Obviamente, ele já conhecia cada canto daquela cidade e tantas outras pelo mundo. Mas ele sorria toda vez que eu pedia para ele tirar alguma foto minha em alguma paisagem. Ele esperava com paciência cada vez que eu parava para admirar algo. Ele atendeu o telefone algumas vezes sem se demorar muito.
Ele me arrastou para algumas lojas caras. Eu escolhi as peças mais baratas possíveis e ele sorria. Quando saímos de uma destas lojas, nos sentamos em um banco de frente para o Porto. A vista do mar era algo incrível.
— Então, você se cansou?
— Você está cansada?
— Um pouco.
— Venha, vamos beber algo e logo você estará mais animada. Ainda temos uma hora antes de voltarmos ao hotel. Na volta, pegaremos um táxi, assim aproveitaremos mais e nos cansaremos menos. Pois eu preciso de energia para este almoço e quero você repousada para o nosso jogo.
— Tudo bem, eu também não gostaria de fazer você ficar cansado.
— Que pena! —Ele piscou para mim e manteve o seu sorriso provocante.
Mas que diabos! Ele estava flertando comigo?
Eu apenas sorri, tentei mudar de assunto, ignorando os meus pensamentos.
— Então, vamos tirar algumas fotos juntos? Afinal, somos noivos, temos que ter alguma foto no celular.
— Ótima ideia, você se importa se eu publicar em alguma das minhas redes sociais? — Ele perguntou sem rodeios.
— Bom, se o seu perfil for restrito, e desde que você não marque a Red Angel, tudo bem.
— Claro, o meu perfil está fechado e isso ficará para os amigos restritos. E vou evitar falar o seu nome.
— Tudo bem, isto pode funcionar.
Ele me puxou para o seu colo e meu coração acelerou. Enquanto beijava o meu ombro, ele sussurrou:
— Posiciona o celular assim, querida. Temos que ser credíveis, lembra?
Ele abraçou a minha cintura e eu me encaixei ainda mais no seu colo. Os seus lábios roçaram as minhas costas, lentamente, de uma maneira incrivelmente sensual, deslizando até o meu ombro.
Eu tirei várias fotos e fiz um pequeno vídeo para os stories do Instagram. Quando tentei me levantar, ele pegou o celular da minha mão e depositou um beijo rápido em meus lábios, enquanto tirava uma foto.
Ele pareceu demorar muito mais do que o da última vez. Eu suspirei em seus lábios quando senti a sua excitação crescer sob mim.
Abruptamente, ele se afastou e tentou disfarçar, colocando as minhas sacolas de compras na frente da sua calça. Ele sorriu sem graça. Ao contrário desta manhã, ele pareceu incomodado por estar excitado. Eu fingi não ter percebido e enviei as fotos para o celular dele. Eu já tinha o seu número marcado antes mesmo da nossa viagem, uma das exigências dele no contrato.
Ele olhou as fotos e postou nas suas redes sociais com algumas palavras em italiano e símbolos de aliança. Foi neste momento que me veio à cabeça: O que pensaria a família dele a respeito de tudo isso?
— Sua família e amigos vão ver nossas fotos. Isto não vai ser um problema?
— Eles não se metem nas minhas decisões, principalmente na minha vida pessoal. Meu pai confiou à empresa a mim e às vezes até tenta me aconselhar, mas não interfere. Minha mãe está ocupada demais com a sua vida de socialite para importar com o que eu faço. E meu irmão, ocupado demais com a empresa e suas festas, ele não é um exemplo de boa conduta. Portanto, aqui sou eu que puxo as orelhas dele. Fique calma, isto vai terminar em breve.
De alguma forma, por algum instante, lembrar disto me deixou triste. Eu queria muito me afastar dele, algo nele despertava em mim sentimentos conflitantes, me deixando confusa.
— Claro, o nosso noivado possui data de validade.
Ele fez um meio sorriso.
— Eu falei da minha família. Você se sente confortável para me contar sobre a sua?
Eu fiquei sem graça, eu poderia inventar qualquer coisa. Mas sabendo o poder que ele possuía, eu tinha quase certeza de que ele teria pesquisado a minha vida ao fundo, antes de me contratar. Seria inútil mentir. Pois um homem com a posição dele não daria um passo em falso. Respirei fundo e contei a verdade.
— Meu pai faleceu em um acidente já faz seis anos. E a minha mãe perdeu a guerra para uma doença fatal há dois anos. Então, restou apenas eu e meu pequeno irmão. Eu o coloquei em uma escola interna. Nos vemos nas férias dele e quando posso, sempre vou visitá-lo. Com a faculdade em tempo integral nos últimos anos, eu tive que fazer isto e o trabalho também não ajudou...
Ele alisava o meu rosto enquanto mantinha um olhar doce sobre mim.
Ótimo. Ele deveria estar com pena de mim. Isto era horrível. Pensei enquanto segurava o choro na garganta e mudava de assunto.
— Vamos beber algo? Eu realmente estou com muita sede.
— Tudo bem, vamos. Vamos ao restaurante Da Gemelli, está logo ali.
Ele me ajudou a levantar e segurou a minha mão, levando as minhas sacolas na outra. Eu disfarçadamente percebi que a sua ereção tinha diminuído durante a nossa conversa.
Assim que nos sentamos, um homem bem-vestido se aproximou e falou com Dante, que exibiu o seu italiano mais que perfeito. O telefone de Dante tocou e ele se levantou da mesa, se afastando um pouco para falar. No momento, imaginei que talvez fosse a sua noiva. Eu parei de olhar para ele e peguei o meu celular. Enviei uma mensagem ao meu cliente que me ligou de manhã, eu o informei que estaria disponível apenas na outra semana.
Eu queria me despedir dele, depois do dinheiro que estava ganhando com Dante eu não precisaria mais voltar para a Red Angel. Quando eu guardei o meu celular na bolsa, o homem que nos atendeu antes voltou com as nossas bebidas. Ele realmente era muito bonito, com um Sorriso carismático e lindos olhos azuis.
— Buon giorno, bela signorina.
Bom dia, linda, senhorita.
Eu tinha entendido um bom dia e sorrindo, respondi, desejando um bom dia. Ele sorriu enquanto me perguntava algo em sua língua e eu não entendi, Dante apareceu atrás de nós e falou algo para ele, que eu também não entendi muito bem.
Ele se sentou ao meu lado e passou um dos braços na minha cintura, me apertando nele.
— Eu não entendi tudo o que ele disse...
Dante terminou de dar um gole na sua bebida e me olhou.
— Onde você aprendeu italiano?
— Eu trabalhei como secretária para um médico italiano. E algumas palavras, ele me ensinou. Eu costumo entender quase 80% do que me dizem, desde que a pessoa fale calmamente, e eu esteja prestando atenção.
Ele ficou calado, isto me deixava desconfortável. Aquele homem do bar estava sendo gentil comigo, apenas isto. Então, insisti querendo saber o que disseram.
— Bom, pelo que eu entendi, não existia palavras ofensivas no que ele me disse.
Ele continuava a taciturno. E eu pensava, o que deu no Dante? Mas eu estava disposta a descobrir, e continuei insistindo.
— Pelo que eu entendi, ele estava apenas sendo gentil. Ele disse algo a mais?
— Você está tão interessada assim no que ele estava te dizendo?