Capítulo 5 A ex-noiva
Uma loira muito bem-vestida e maquiada. O meu instinto me alertou no mesmo momento que aquela mulher teria alguma relação com o Dante. Eu me aproximei de Dante e alisei seu rosto lentamente. Ele parou de falar com o seu cliente e se girou para me beijar o rosto. Enquanto eu sussurrei em seu ouvido.
— A sua ex é loira?
— Sim, como você sabe?
Pisquei para ele. Logo ele entendeu a situação. Alisou as minhas costas e me depositou um selinho nos lábios. Sem deixar de alisar as minhas costas, ele se virou para o seu cliente.
— Peço perdão, minha noiva é uma distração inevitável.
— Bom, eu em seu lugar, também ficaria distraído. Entendo essa paixão quente que emana de vocês.
Dante apertou ligeiramente a minha cintura. E eu me movi automaticamente para mais perto dele, que sorriu satisfeito.
O garçom chegou com os nossos pedidos e, entre uma conversa e outra, Dante fazia questão de me tocar de alguma forma. Ou de me dar algum alimento na boca. Era tudo muito sutil, mas extremamente sensual, ao menos para mim. Ele fechou o contrato com o cliente e, quando o jantar terminou, ele segurou a minha mão e me levou para fora do restaurante.
No terraço com a vista maravilhosa do mar abaixo de nós, nos sentamos em uma mesa afastada de todos.
— Você tem um olhar bem esperto. Sim, aquela era minha noiva, Vivian Salvatori.
Ele alisou a minha mão sobre a mesa enquanto falava.
— Ela estava olhando sem parar, pelo jeito, estava incomodada.
— Eu tinha certeza de que ela ficaria incomodada em me ver com outra e ela ainda não sabe do noivado. Então eu tenho certeza de que ela vai enlouquecer e voltar para mim.
— Desculpe-me, eu entendo pouco disto. Mas não seria mais fácil declarar o seu amor por ela?
Ele ficou sério e me olhou. Eu percebi que fui um pouco além do que eu estava sendo paga para fazer.
— Perdoe-me, Dante, eu não deveria ter dito isto. Você sabe o que é melhor para vocês.
— Tudo bem, mas é tudo um pouco mais complicado do que isto. Enfim, vamos mudar de assunto, me fale sobre você, se não for contra as suas regras.
Eu respirei aliviada por ter se quebrado o clima tenso que eu mesma criei com o meu comentário. Mas agora ele estava tentando entrar em um território delicado para mim. Mesmo assim decidi confiar.
— Posso tentar responder algumas das suas perguntas, então que quer saber?
— Algum namorado?
Uau! Eu não esperava aquela pergunta.
O garçom chegou com uma garrafa de prosecco que ele tinha pedido, nos serviu, e se afastou. Durante todo o tempo, os olhos de Dante jamais deixaram os meus.
— Eu não tenho ninguém.
— Interessante. Você estuda já fiquei sabendo. Bacharelado em administração, certo?
— Sim.
Ele levantou a taça para mim e brindamos. Ele degustou sua bebida e quando terminou, quase me fez engasgar quando perguntou:
— Por que se tornou acompanhante de luxo?
Um forte calor me subiu pelo corpo e tive a certeza de que minhas bochechas ficaram vermelhas. Eu não saía por aí gritando que eu era uma acompanhante de luxo. Mas durante o tempo em que eu tinha me tornado uma, eu jamais me senti tão nervosa na frente de um cliente, como me sentia na frente de Dante.
— Eu não tive escolhas melhores, eu...
A minha voz tremeu e senti os meus olhos se encherem-se de lágrimas. Ele, percebendo a minha reação, segurou a minha mão na sua e com a outra, alisou o meu braço.
— Desculpe-me, eu fui um idiota. Eu não deveria ter te perguntado nada.
Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, escutei uma voz atrás de nós.
— Boa noite, Dante. Eu estou surpresa em ver você.
A mulher se aproximou com um passo hesitante e se posicionou ao meu lado. Eu capturei o olhar de Dante, cujo sorriso se tornou mais misterioso. Era ela, a mesma mulher que nos espionava no restaurante.
— Pois aqui estou eu. Vivian, quer se sentar? — Dante sorriu.
Ela me escrutinou de cima abaixo, como se tentasse ler cada nuance do meu ser.
— Não, obrigada, eu tenho que ir. Meu noivo está me aguardando ansiosamente. Apenas vim desejar um boa noite. Eu supus que você enviaria seu irmão para tratar de reuniões como esta. Mas vejo que trouxe uma companhia interessante. Vai me apresentá-la?
— Com prazer. Esta é Karen, minha noiva. Karen, esta é Vivian, uma velha amiga.
O brilho em seus olhos se apagou instantaneamente, substituído por uma chama de raiva e decepção. Entendi a deixa e entrei em cena.
— Olá, é um prazer imenso conhecer uma amiga tão próxima do meu Dante. — Falei, envolvendo sua mão em um aperto firme e decidido.
Um sorriso sutil e satisfeito brotou nos lábios de Dante, que prontamente me puxou para um abraço terno, como que selando nosso pacto, assim que Vivian soltou minha mão.
— Noiva?
— Sim, o pedido aconteceu sob o céu estrelado da Grécia.
— Ah, foi um momento inesquecível, meu amor. Sua doçura me deixou arrepiada, uma sensação que carrego até agora. — Eu deslizei minha mão pelo seu antebraço musculoso, deixando um rastro de tensão palpável.
Vivian nos observava, seus olhos injetados de um ódio velado, mas seus lábios esboçavam um sorriso gélido, numa tentativa frustrada de manter a compostura.
— Dante, romântico? Bem, só me resta desejar felicidades ao casal. Tenho que partir, mas fica aqui meu 'boa noite' aos noivos.
— Obrigado. Até amanhã na reunião do almoço. Boa noite para você e para Jonas.
Eu lhe lancei um sorriso carregado de significado e murmurei um 'boa noite' sereno. Ela acenou relutantemente e se retirou. Dante então acariciou meu rosto e direcionou meu olhar ao dele:
— Obrigado. E me desculpe por antes. Vou me fazer perdoar.
— Está tudo bem.
— Vamos para a cama?