Capítulo 6 O desejo existe

Algo na forma como ele formulou a pergunta tocou uma corda sensível em mim. Fiquei sem palavras, limitando-me a acenar silenciosamente em concordância. Voltamos em silêncio para o quarto, mas o seu toque nas minhas costas era o suficiente para me deixar desconcertada. Ao entrarmos no quarto, ele caminhou para o lado da cama. — Você se importa se eu tomar um banho e ir dormir? — Claro que não, Karen, fique à vontade. Eu fui para o cômodo ao lado pegar as minhas coisas para um banho rápido e trocar de roupa. O meu estômago parecia dar voltas. Dante tirou a sua camisa e sapatos e se jogou na cama, ligando a TV e mexendo no celular. Assim que removi toda a maquiagem, tomei um banho rápido, passei hidratante pelo meu corpo. Eu olhava relutante a lingerie em minhas mãos. Uma camisola minúscula de renda extremamente transparente. Deslizei a lingerie pelo meu corpo, todas as lingeries foram escolhidas por Mary. Eu sinceramente não entendia por que ela tinha escolhido algo assim para mim, sendo que ele já tinha deixado claro que não queria sexo. Eu saí do quarto e peguei um edredom no armário do lado e quando fui pegar o travesseiro do lado dele, o seu olhar deixou a tela do celular e passou pelo meu corpo. Eu estava acostumada a ficar nua na frente dos homens, mas desde quando este homem apareceu na minha vida, descobri que o seu olhar me fazia ficar com imensa vergonha. — Aonde você vai, Karen? — Eu vou dormir no sofá do cômodo ao lado. — Mas por quê? Eu disse que não vou te tocar. A cama é enorme. Você vai ficar dolorida de dormir naquele sofá. — Eu vou ficar bem. Dante, obrigada, eu vou aproveitar e estudar um pouco no meu notebook. — Tudo bem, se for por causa dos seus estudos, eu entendo, mas não se justifica. Você poderia estudar e vir para a cama mais tarde. Mas tudo bem, não quero te pressionar. — Obrigada. Assim que eu comecei a sair, ele me chamou. — Karen, o banheiro tem porta adjacente para o cômodo que você está indo dormir. Já que ali antes tinha uma outra cama. — Obrigada. Eu saí com isto na cabeça. Ele poderia ter deixado a outra maldita cama, afinal, se era para ser uma farsa eu poderia dormir na outra cama e arrumá-la antes do serviço de quarto chegar. Assim não teriam suspeitas. E além do mais, o que eles poderiam pensar? Poderíamos ter transado e dormindo em camas separadas. A suíte era enorme, éramos noivos, nada de errado para imaginarem. E por qual motivo ele me deixou tomar banho e passar apenas de toalha dentro do quarto, sabendo da existência da porta adjacente? Ele queria me ver nua? Eu afastei os pensamentos confusos da minha cabeça, abri meu notebook, me joguei sob o edredom e comecei a estudar. Adormeci escrevendo um trabalho. Acordei e percebi que meu notebook estava no chão. Eu tirei os meus fones de ouvido e me levantei para usar o banheiro. Mas quando abrir a porta, Dante estava sob o jato d'água do chuveiro. Apesar da fumaça, percebi que ele estava se masturbando. Os movimentos contínuos, os seus músculos em movimento, o vaivém do seu pulso em torno de seu membro. Ele gemeu de uma maneira tão sensual e poderosa que sentia um calor percorrer todo o meu corpo. A visão era enlouquecedora. Eu observei os seus movimentos aumentarem. Ele pressionou a testa na parede. Eu apertei os meus seios enquanto salivava olhando-o. Isto era errado, mas a visão dele era uma tentação irresistível. — Dante.... — Sussurrei inaudível. Ele acelerou ainda mais os movimentos e soltou um gemido. Seus olhos continuavam fechados. Eu continuei observando o vaivém do seu pulso em torno do seu membro. Ele gemeu de uma maneira tão sensual e poderosa que senti um calor percorrer todo o meu corpo. Mesmo assim, eu fechei a porta relutante, ele não me viu, mas se eu continuasse a olhar, ele poderia me pegar observando-o. Os meus mamilos duros escapavam de dentro da renda fina da lingerie. Sentia o quanto eu estava molhada. Eu estava trêmula. A cena foi extremamente sensual e só tinha um jeito de tirar ele da minha cabeça. Me tocar! Eu corri para o sofá deslizando a minha lingerie, dedilhando o meu sexo molhado. Eu comecei a acariciar, alternar entre o meu clitóris e toda a extensão da minha pele sensível. Eu sentia que não era o suficiente. Tirei rapidamente o micro short de renda e abri as minhas pernas ao máximo. Repeti os movimentos de forma desesperada. Eu lembrei de cada toque dele em minha pele, do seu beijo leve em meus lábios. Ele nem tinha me beijado de língua e tinha sido quente como o inferno. Eu enfiei dois dedos dentro de mim, acariciando meu clitóris ao mesmo tempo. E uma onda de desejo me percorreu o corpo. Eu fechei os olhos e me lembrei dele se masturbando. O orgasmo me invadiu, me fazendo ter espasmos e molhar o edredom abaixo de mim. No ápice do meu corpo em êxtase, dos meus lábios escapou: — Dante... Eu tentei acalmar a minha respiração. Eu ainda sentia o meu íntimo latejando de prazer, desejando-o dentro de mim. Isto era uma loucura, ele jamais faria sexo comigo. Ele deixou claro. Eu senti o ranger da porta e automaticamente me cobri com o edredom. Dante apareceu na porta enrolado apenas com uma toalha em sua cintura. A sua ereção era mais do que evidente sob o tecido. — Você me chamou? Eu senti a vergonha me ruborizar. Ele me olhava com um grande sorriso e nem tentava disfarçar a sua ereção. — Eu...eu chamei, quer dizer, eu queria saber se podia entrar no banheiro. Ele percorreu o seu olhar pelo meu corpo, demorando um pouco mais em meus seios, que estavam quase saltando da lingerie. Ele já tinha visto fotos minhas nuas no site. Tecnicamente, eu não deveria ficar incomodada, eu nunca ficava, mas ele, ele era diferente. — Desculpe, Karen, eu demorei um pouco no banho, e mesmo assim tenho a sensação de que eu precisava demorar mais. Ele fez uma pausa, me estudando, e depois continuou. — ... Eu vou me vestir, vou deixar você usar o banheiro. Eu apenas sorriu. Ele se afastou, fechando a porta. E eu fiquei tentando entender tudo aquilo. Eu me levantei e fui para o banheiro tomar banho. Alguns minutos depois, eu estava pronta. Eu estava fazendo a minha maquiagem quando senti uma batida na porta. — Entre. — Bom dia, fiquei tão perdido antes que esqueci de te dar um bom dia. — Bom dia, Dante. Então, o que você quer de mim hoje? Eu comecei a passar o batom lentamente. Ele me observou por um segundo. Mas pareceu que foi para uma vida. Até que o seu olhar através do reflexo, encontrou os meus. — Vamos tomar café da manhã e depois podemos dar um passeio. Quando voltarmos, será o horário do almoço, então terei uma grande reunião e precisarei de você ao meu lado. — Tudo bem, eu estou pronta. Quando me virei, ele estudou o meu vestido. Eu tinha optado por um vestido de chiffon que deixava as minhas costas nuas. E o tecido terminava na metade das minhas coxas. Escolhi sandálias delicadas e sem saltos, com a esperança de caminharmos. — Bom, acho que talvez seja melhor você trocar o vestido antes da reunião. — Como você quiser. O que devo vestir? —Irritada, mas contida, respondi, olhando em seus olhos. — Todos os vestidos foram aprovados por mim, você sabe. Eu vi cada foto sua no provador. Este vestido para o passeio está perfeito, mas para a reunião não será adequado. Eu olhei para ele, calça jeans, camiseta, gola em V e tênis, bem casual. E ele me pegou, analisando-o. — Você está linda, talvez até demais. E isto será uma distração.