Capítulo 7 Atritos
Então eu o distraio. — Pensei.
Mas logo ele interrompeu os meus pensamentos.
— Os homens podem ficar olhando para você, enfim, existe alguns que estarão com as esposas e noivas, e isto poderá causar ciúmes e conflitos.
— Tudo bem, se você quiser, eu troco agora. Ele se aproximou, lentamente, se posicionou na minha frente e de maneira sutil, ele tirou o colar para fora do meu decote.
— Assim está melhor.
As palavras dele foram um sussurro quente que interromperam a minha linha de raciocínio.
— Vou dizer novamente, caso você não tenha me entendido, você está maravilhosa neste vestido. Ele ressaltou cada curva de seu corpo. Não quero que você o tire agora. Eu quero passear por aí com você vestida exatamente assim. E você sem salto, é uma graça.
Ele piscou para mim, rindo de maneira provocadora e zombeteira.
— Eu nem sou tão baixinha assim, você que é muito alto.
Eu provoquei, ele sorriu.
Ele alisou o meu braço e pegou a minha mão. Saímos do quarto para os jardins, onde várias mesas estavam preparadas para o café da manhã. Ele me ajudou com o meu pedido, mas depois ficou em silêncio mexendo em seu celular. Eu olhava em volta e ainda não tinha visto a sua ex noiva. Claro, ele me tocaria e daria atenção se ela ou alguém do círculo dele estivesse por perto. Tomamos café em silêncio até o meu celular tocar.
Eu apressadamente o tirei da bolsa e mudei para o modo vibração, mas vi no visor o nome de um cliente, Paulo. Era o meu melhor cliente. Ele gostava apenas que eu fosse passear com ele. Nunca me tocava. Gostava de sair comigo e me pagava muito bem. Eu pensei em discretamente mandar uma mensagem, mas quando olhei para o Dante, ele estava com um olhar furioso, estendendo a sua mão para o meu celular. Ele definitivamente estava exagerando. A princípio, eu neguei entregar o aparelho, mas ele continuava me olhando furioso. Eu, relutante, entreguei o celular em suas mãos.
Ele não olhou o visor, ele apenas me entregou o celular de volta após silenciá-lo. Antes que eu colocasse o celular na bolsa novamente, a voz dura dele me fez tremer de raiva.
— Desligue. Eu quero que você o desligue agora!
— Não vou fazer isto. Eu errei por não deixar no modo vibração como combinamos. Mas o fato de você estar me pagando por algo não te dá o direito de invadir a minha privacidade. Você não é meu dono!
A fúria em seu olhar pareceu aumentar. Mas ele não disse nada. Eu coloquei o celular na bolsa e tomei um pouco de água, minhas mãos estavam trêmulas e eu tentava disfarçar. Ele terminou de digitar em seu celular. Ele se levantou e estendeu a sua mão para mim.
Eu coloquei a minha mão na dele e começamos a sair do hotel. Quando estávamos nos jardins externos, ele parou e me fez virar para ele.
— Droga! Você está tremendo. Você está se sentindo bem?
A sua voz era calma, e eu podia jurar que existia preocupação em seu tom.
— Eu só estou nervosa, me desculpe, não vai mais acontecer. Eu exagerei antes... — tentei me explicar.
Ele alisou o meu cabelo e levantou o meu queixo, me fazendo olhar para ele.
— Não se desculpe. Eu é que tenho que pedir desculpas, eu ultrapassei os limites. Eu não deveria ter falado com você daquela maneira. Agora venha, vou te levar para passear pelas ruas da cidade. Existem muitas lojas de marcas famosas. Eu quero que compre tudo o que quiser por minha conta.
— Dante não precisa, seu o pedido de desculpas, foi mais do que o suficiente.
Ele me olhava como se eu fosse uma grande incógnita.
— Eu te trouxe para passar uma semana comigo. Acho justo você comprar tudo o que quiser e se quiser comprar mais roupas...
— Dante, não. Se você disser que eu preciso de determinada coisa para não te envergonhar na frente dos seus clientes, concorrentes e principalmente amigos e ex noiva, eu aceitarei. Mas fora disto não é justo você comprar coisas para mim. O que fará a com tudo isto depois que eu for embora?
— Acho que você ainda não entendeu, tudo o que foi comprado e o que ainda comprarei para você nesta viagem continuará sendo o seu quando o contrato acabar, inclusive as joias. E lembre-se de que eu não gosto de ser contrariado. Não se recusa um presente. São presentes para você.
Respirei profundamente, aceitando que aquela era uma batalha já ganha. Discutir com um cliente do calibre de Dante seria inútil. E para ser sincera, tudo o que eu queria era chegar ao fim dessa semana tumultuada. A proximidade com Dante estava bagunçando minha cabeça, acendendo emoções que eu preferiria manter adormecidas.
— Tudo bem, agradeço a oferta, mas não é necessário. Você já está me compensando generosamente — respondi, tentando manter a voz estável.
Ele acariciou minha mão com um sorriso sutil nos lábios.
— Vou pedir que tragam o carro que aluguei. Pode me esperar um pouco?
— Que tal uma caminhada? Até os restaurantes da baía são menos de dez minutos a pé, e a vista é de tirar o fôlego.
Ele me encarou com uma curiosidade mesclada a surpresa, depois sorriu e me questionou.
— Como você sabe disso?
— O Google Maps nunca me deixa na mão.
— Garota esperta. Nesse caso, vamos. Farei de tudo para agradar minha "noiva".
— Escolha bem suas palavras, senhor Dante — brinquei, colocando ênfase na última palavra.
Ele riu e apertou minha mão com um entusiasmo renovado. Caminhamos pelas ruas pitorescas de pedra, cada ângulo da cidade parecendo um cartão-postal. Tudo estava evoluindo de um modo mais intenso do que eu havia imaginado, e sua presença, seu toque, seu aroma, estavam se tornando uma espécie de vício irresistível, um vício do qual eu não tinha mais certeza se queria me livrar.