Capítulo 4 Noivo Convencido
A vista para o mar era extremamente magnífica. Eu tinha que ligar para o Gabriel, peguei meu celular e disquei o número do colégio. Neste momento, agradeci por estar usando um chip Internacional.
Aguardei ansiosa enquanto o telefone tocava. Após ser atendida, transferiram a chamada para o quarto do Gabriel. E logo a voz doce e familiar me respondeu.
—Karen....
— Oi, Gabriel, meu amor, que saudades.
— Karen, que bom que você ligou, eu sei que você está viajando, mas estou com muita saudade.
Eu senti o meu coração apertar, imaginando o quanto era difícil para um garoto de dez anos ficar longe da sua única família. Perdemos o papai em acidente quando o Gabriel tinha apenas quatro anos. E já fazia dois anos que perdemos a mamãe para uma doença fatal. Foi aí que eu assumi todas as responsabilidades. E, no início, consegui manter a casa e nossos estudos. Mas as contas foram aumentando, me deixando desesperada ao ponto de assumir a vida obscura que eu levava.
Eu fiz poucos programas, mas desde o primeiro sempre desejei sair desta vida. Para o Gabriel eu dizia trabalhar como aeromoça de companhias particulares. E isto funcionava. Afinal eu tinha trabalhado com isto no passado.
Ao menos o contrato com Dante, me permitiria sair da Red Angel e eu poderia ir visitá-lo com mais frequência.
E depois conseguir manter ele em casa comigo, pagando alguém para ajudar a cuidar dele.
— Sinto muito, querido, eu também estou morrendo de saudades, prometo que vou ligar mais vezes e logo estarei de volta.
— Eu estou indo muito bem, minhas notas são boas. Eu quero muito te ver, Karen. Podemos fazer uma chamada de vídeo com o Skype qualquer dia desses?
— Vamos nos organizar. Sim, estou muito orgulhosa de você. Isto que estamos vivendo é uma fase, se concentre nisto. Eu te amo muito, nunca se esqueça disto.
— Eu também te amo, Karen.
Eu falei um pouco mais com o Gabriel. Minutos depois, eu desliguei o telefone e quando voltei para dentro, percebi que a porta estava entre aberta.
Eu tinha certeza de que a tinha deixado aberta antes de ir para o terraço. Eu caminhei lentamente, a porta do quarto estava aberta. Dante estava enrolado na toalha, jogado na cama, mexendo em seu celular.
E eu me peguei pensando se ele tinha ouvido toda a minha conversa.
Ele levantou seu olhar e me disse.
— Você tem vinte minutos.
A sua voz era fria, e ele voltou novamente seu olhar para o celular. Eu tentei fingir que não estava babando no seu corpo perfeito. E muito menos que estava desconfiada que ele tenha ouvido minha conversa com o Gabriel.
— Tudo bem, estarei pronta.
Eu corri contra o tempo, agarrei a minha mala de mão com as coisas que eu tinha deixado separado. Escolho o vestido e deixei em cima do sofá onde eu dormiria. Fui para o banheiro, tomei banho, fiz maquiagem e sai de lá vestindo o roupão do hotel.
Passando pelo quarto, tive uma visão do corpo definido de Dante dentro de uma calça social. Ele estava vestindo uma camisa, seu olhar encontrou o meu através do reflexo do espelho e ele revelou um sorriso em seus lábios provocantes.
Ele estava se achando. Convencido! —Pensei.
Eu me fingi de desentendida e segui para o outro cômodo. Eu me vesti e me dei por satisfeita com o meu reflexo no espelho. Quando retornei para o quarto, ele estava terminando de virar uma taça de vinho. Ele me analisou calmamente, disse.
— Venha até aqui.
Mesmo irritada com o seu tom, eu obedeci, pois eu tinha assinado o contrato.
Eu dei passos lentos, com meu coração acelerado, seus olhos estavam calmos, me olhando. Ele me analisava de cima abaixo. Ele não disse uma palavra, ele foi até a sua mala e voltou se aproximando de mim. Percebi que ele tinha algo nas mãos, mas não tive tempo de identificar o que era, pois ele tirou a minha atenção falando comigo.
— Vire-se de costas.
Eu queria discutir, rebater. Mas manter um contato visual com ele era ainda mais difícil. Obedeci, me virando e percebi que eu estava na frente do espelho, onde antes trocamos olhares.
Ele se aproximou e seus dedos alisaram lentamente os meus cabelos, colocando-os de lado sobre o meu ombro. Só então vi o colar delicado em suas mãos deslizando para o meu pescoço. Ele alisou o lateral do meu pescoço enquanto fechava a peça. Seus dedos roçando na minha pele, me causaram um arrepio involuntário. Que a àquela altura, seria impossível disfarçar.
O seu olhar demorou um pouco mais onde os seus dedos estavam. Ele acompanhou o decote nas minhas costas e pelo sorriso em seus lábios, ele tinha percebido a reação que tinha me causado.
— Vamos, estamos atrasados. — Ele sussurrou.
— Eu achei que queria apenas beber e conversar. Não pensei que teria um compromisso com hora marcada.
— Faremos isto após o jantar. Pois têm um grande cliente que se juntará a nós. Ele me ligou alguns minutos atrás.
Eu senti um frio na barriga, fingir ser a noiva de um homem como ele não seria algo fácil.
Ele caminhou até a porta enquanto peguei a minha bolsa. Quando saímos para o corredor, ele posicionou a sua mão nas minhas costas e de maneira gentil, me manteve próxima a ele.
— Tudo bem, Karen?
— Eu estou um pouco nervosa. Na verdade, nunca fiz algo assim antes.
— Fique calma, apenas seja carinhosa, fale o mínimo possível. Nos conhecemos em uma das minhas viagens. Nos encontramos algumas vezes e foi amor à primeira vista. Então, ficamos noivos em uma viagem para a Grécia.
— Tudo bem, vou me lembrar disto, fique tranquilo.
— Eu sei que você se sairá muito bem sendo minha noiva. — Ele sorriu e piscou para mim.
Enquanto caminhávamos para o restaurante, eu fiquei pensando em como esta semana seria. Eu teria que fingir ser a sua noiva, teria que receber e dar todo o carinho para ele. Meu coração estava acelerado, mas com certeza isto era porque o jogo agora era para valer.
Entramos no restaurante do hotel. Dante, mantendo sua mão firme nas minhas costas, levemente apertando a minha cintura. E quando chegamos à mesa, um homem elegante se levantou e sorriu, estendendo a mão para Dante e olhando para mim.
— Boa noite, senhor Dante. Peço desculpas por interromper a sua noite. — Ele apertou a mão de Dante enquanto falava.
— Senhor Gilbert, esta é a minha noiva, Karen.
— Prazer em conhecê-la, senhorita Karen. — Ele apertou a minha mão e sorriu.
— Prazer, senhor Gilbert.
— É um homem de sorte, Dante, sua noiva é lindíssima.
Ele disse para o Dante, enquanto se sentava.
— Eu sei disso, tive sorte em encontrá-la.
Dante disse enquanto beijava os meus cabelos e afastava a cadeira para que eu me sentasse.
Assim que ele se sentou, ele gentilmente colocou uma mão na minha coxa. Não tinha pressão nenhuma naquele aperto. Mas a sua pele, em contato com a minha, me deixou um pouco confusa. O garçom se aproximou e, enquanto Gilbert fez seu pedido, Dante sussurrou para mim.
— Você quer olhar o cardápio? Você fala italiano?
— Eu falo um pouco, mas ficarei confortável se você escolher para mim.
Ele apenas sorriu e se virou para o garçom, expressando-se em um italiano perfeito. Ele escolheu risoto com funghi porcini e tagliata de carne. Ele escolheu o vinho e quando o garçom se afastou, ele começou a falar com o seu cliente sobre negócios. E eu apenas fiquei ali, olhando o ambiente à nossa volta e apreciando a vista para o mar. Mas depois de um tempo ali, percebi dois casais em uma mesa ao fundo. Uma das mulheres não parava de nos encarar.