Capítulo 3 A autenticidade da certidão de casamento
Carol, geralmente reservada e conservadora, sentiu-se incrivelmente envergonhada. Hoje, tinha ultrapassado todos os limites e perdido toda a dignidade.
Percebendo que ainda segurava a toalha na mão, entregou-a para ele apressadamente, o rosto corado como um tomate: “D-Desculpe, não foi minha intenção.”
Ai meu Deus!
Sentiu-se uma voyeur da pior categoria!
Jonas calmamente pegou um roupão e o vestiu. O cinto se apertou ao redor da cintura musculosa; o roupão preto emanava uma aura refrescante, fria e nobre.
Virou-se e saiu do banheiro. A moça o seguiu com a cabeça baixa e a perna machucada, olhando incrédula para o homem à sua frente. Parecia estar sonhando ainda.
Depois que saíram, ela ficou lá, sem saber o que fazer.
“Venha aqui”, disse o jovem, indo até o sofá com um kit de primeiros socorros.
Andou na ponta dos pés e sentou-se na cadeira. O outro abriu a caixa de plástico; seu olhar involuntariamente franziu ao ver as calças apertadas da socorrida.
Virou-se e pegou uma tesoura.
Carol congelou: “O que vai fazer?”
Será que, porque viu suas partes íntimas, seria machucada ou algo assim?
Um som de rasgo indicava que suas calças estavam sendo cortadas com precisão.
O ferimento estava perto do topo, se estendendo até a base da perna. As calças mal cobriam a calcinha de estampa floral.
Exclamou nervosamente: “Ei, espera um minuto!”
Jonas pressionou a mão grande contra seu joelho: “Não se mexa.”
“Não vou.”
Tinha pavor de ser acidentalmente esfaqueada. Claro que não ousaria se movimentar de forma imprudente. Ficou rígida e deixou os cuidados nas mãos alheias.
Ela viu suas intimidades, e agora ele olhava para suas pernas. Agora estavam quites, e ninguém devia nada a ninguém.
Suas pernas eram claras e esguias, mas o corte que se estendia por uma delas continuava sangrando. A situação não parecia otimista.
A distância entre os dois era, agora, muito pouca.
Tinha acabado de ver a foto na certidão de casamento. Bianca tinha usado Photoshop para combinar imagens deles, um resultado bastante realista.
O clique capturava apenas uma fração do quão atraente ele era. O nariz reto e alto, as feições profundas – cada parte parecia uma obra-prima meticulosa de Deus.
Era muito bonito, o motorista.
Jonas pegou vários cotonetes, mergulhou-os em iodo desinfetante, então segurou seu joelho e limpou o ferimento.
A dor aguda quase a fez pular. Suspeitou que ele o fazia de propósito.
“Ai, está doendo... Ai, seja mais gentil!”, gritou.
Depois de uma série de tratamentos, lágrimas começaram a se formar nos olhos da moça. Resistiu à vontade de chorar, o rosto pálido e contraído.
“Pode doer um pouco. Aguente firme.”
Cerrou os punhos, apertou os dentes e suportou a dor.
Depois de um momento, a ferida estava devidamente tratada, e os equipamentos guardados. O socorrista avisou: “Pronto. Não deixe o ferimento molhar nos próximos dias.”
“Obrigada ... obrigada.”
“Precisamos conversar”, ele comentou de repente.
“Sobre o quê?” Olhou-o, surpresa.
Será que pediria uma compensação?
Sua mãe da moça estava hospitalizada e precisava de uma quantia significativa para se tratar. Vivia sozinha numa frugal qualidade de vida. Todo o dinheiro ia para pagar contas médicas. Não lhe sobrava nada.
Não tinha grana, mas tinha vida!
Olhando para os olhos confusos da jovem, Jonas cruzou os braços: “Agora que nos registramos, estamos legalmente casados”, disse calmamente.
Nos registramos... Legalmente casados...
Carol sentiu a cabeça girar.
Espera um pouco... A certidão não era falsa? Bianca disse que não seria nada registrado no sistema de casamento!
Os olhos profundos do homem escureceram.
Entendeu que o propósito da irmã era ajudá-lo.
Seu pai, insatisfeito com o controle do avô, tinha fugido para a filial da Nexoria. O ancião, decepcionado, agora focava integralmente no neto.
Naquele momento, já havia decidido prosseguir com o erro, encontrar uma mulher para ocupar o lugar de sua esposa e impedir novos planos do pai de seu pai.
A melhor amiga de Bianca deveria ser adequada.
Continuou assertivamente: “Já que se tornou minha esposa, precisamos estabelecer algumas regras.”
“Calma aí...” Carol o interrompeu, com o rosto confuso: “Nossa certidão de casamento é falsa, não é?”
“Quem te disse que é falsa?”