Capítulo 7 protegida
Ele se vira quando sente minha presença e desencosta da parede, me analisa por completo e diz:
— O que está achando daqui? Já veio para a cidade antes?
Eu nego com a cabeça, ele fica surpreso.
— Nossa…, mas, é muito bom aqui, tenho certeza de que ia gostar de cinema.
Cinema? Fecho o semblante sem entender, me aproximo dele, levanto meu rosto para olhar para ele.
— O que é isso?
Pergunto envergonhada sorrindo de canto.
Ele sorri, e aquelas covinhas aparecem novamente.
— É um lugar onde você vê filmes inéditos, que acabaram de lançar. É muito bom.
Eu fico surpresa e o respondo.
— Com certeza irei amar. Quem sabe posso ir um dia. Me desculpe por não entender um pouco das coisas aqui, mas não entendo nada sobre a cidade.
Ele diz sorrindo, mas dá de ombros.
— Não se preocupe, e sobre o cinema, posso marcar com seu irmão um dia desses.
— Seria muito bom. Aliás, você frequenta muito aqui? Quando te vi, parecia que estava procurando por alguém. – Jogo na cara dele, estou curiosa, mas ao mesmo tempo que disse isso, me arrependo, não devia ter perguntando isso.
Ele fica sério de repente.
— É a primeira vez que venho aqui, e não vim me encontrar com ninguém, você pode ter entendido errado. – O sorriso dele foi substituído por um olhar sério, acho que fiz burrada.
Eu assinto sem graça, dizendo.
— Ah, sim, desculpe ter falado sobre isso, estou sendo curiosa demais — digo fazendo um beicinho e virando meu rosto para o lado, acho que não sei falar direito com um homem.
Ele muda seu semblante, não fica mais sério e sorri para mim.
— Relaxa, fica tranquila.
Edmon coloca suas mãos na jaqueta, então olho para baixo e um barulho alto escutamos.
Oh, não, é meu estômago, não jantei ainda, só tomei aquela água com gás. Meu estômago faz mais barulho e minha barriga dói de fome, levanto a cabeça, coloco a mão na barriga e olho timidamente para Edmon e seus olhos verdes estão sorrindo para mim. Consigo ver o brilho nesses lindos olhos esverdeados.
— Bom, acho que devia comer, te levarei até seu irmão para que seu desejo seja realizado.
Ele pisca para mim, faço uma careta e digo:
— Ele está super ocupado com uma garota. Vai ser bem estranho, mas não tenho outra opção, aliás, obrigada por me fazer companhia.
Digo sem graça ajeitando meu suéter.
Ele então dá uma olhada em mim, o que me deixa mais sem graça. Seus olhos percorreram meu rosto e todo o meu corpo, me sinto vermelha de tanta vergonha.
— Não tem de quê, bom… vamos lá.
Ele começa a caminhar e o sigo.
Voltamos aquela cena louca, todos dançando ainda, a maioria parece meio tonto, devem ter bebido demais. Vejo meu irmão em um canto da boate. Ele está de pé e a moça na frente dele, e eles estão se beijando, isso mesmo.
Faço uma careta e olho para Edmon que se vira para olhar para mim, ele se curva e diz em meu ouvido:
— Ele parece bem ocupado mesmo, então, boa sorte.
Sua voz me causa arrepios, mas não comparado ao medo que sentia por ele antes. Ele não é o lobisomem, afinal, mesmo que seus olhos se parecem com o da fera. Edmon tem se mostrado um bom homem.
Sinto minhas pernas arrepiadas. Nossa, nunca estive tão perto de um homem assim, a não ser meu irmão.
Fico olhando para seus olhos verdes que estão fixos nos meus. Ele ainda está curvado com seu rosto próximo ao meu.
Ele então dá um curto sorriso e diz:
— Está bem?
Eu pisco algumas vezes e sinto meu coração bater mais forte. Eu ainda não consigo me mexer, estou paralisada olhando para seus olhos lindos e sentindo seu hálito doce perto de mim, meu Deus, que sensação é essa que estou sentindo?
Ele se afasta um pouco e diz ainda me olhando com atenção.
— Achei que estava passando mal, que bom que está bem. Deixa-me só conferir.
Ele coloca sua mão em minha testa, fico hipnotizada olhando para esse homem, além de ser um pouco estranho, ele tem um lado sedutor e atraente, sério, misterioso e me causa uma sensação estranha por todo meu corpo, mas neste momento não sinto medo dele. E sim, algo intenso que não sei bem o que é.
Meu coração se acelera mais um pouco e ele tira sua mão de minha testa.
— Não está com febre. Menos mal.
Eu consigo desviar do seu olhar e assinto dando um curto sorriso. Respiro fundo e digo.
— Obrigada, bom, vou até lá.
Começo a caminhar, mas uma ruiva aparece na minha frente.
Ela é linda de olhos verdes claros, vestido preto bem decotado, mostra suas partes nitidamente, seus cabelos são encaracolados, e tem algo em sua orelha, parece ser algo bem delicado. Não entendo de joias.
Olho para seus pés, seus saltos são muitos finos e enormes, meu Deus, como ela anda com isso? Eu vim de sapatilhas, não sei andar de salto. Ela então, revira os olhos para mim assim que me olha e diz.
— Quem é essa, Edmon? Está saindo com ela?
Eu saindo com ele?
Eu arqueio a sobrancelha e sinto Edmon mais próximo de mim, escuto sua voz.
— O que você quer, Amanda?
Me viro para ele, que está sério olhando essa mulher.
— Quero saber porque seu gosto mudou de repente. Em vez de estar falando comigo, uma ruiva super sexy, você está andando com essa loira esquisita. Olha bem pra cara dela. Não tem estilo, esse vestido nem ficou legal nela, aposto que essa garota nem tem 18 anos, é bem nova pra você, nem sabe nada da vida, sem falar que ela é feia.
A tal da Amanda cruza os braços e começa a rir baixo, me olhando de cima a baixo.
Francamente, que mulher sem noção. Sinto uma raiva imensa dessa mulher. Tento me acalmar, digo baixo:
— Licença, pra mim já deu.
Dou um passo para frente, mas a mão de Edmon segura a minha fazendo-me voltar, sua mão me segura para que eu não escape dali.
Olho para ele que me fita, enquanto diz a Amanda:
— Não tem o direito de falar dela assim, prefiro mil vezes estar andando com ela do que uma pessoa como você, que só sabe falar mal dos outros sem os conhecer. Nunca mais se dirija a mim e nem a ela, me entendeu?
Ele fala nervoso para a garota.
Vejo como ele está furioso, seus olhos estão dilatados.
Eu puxo de leve o braço de Edmon que volta sua atenção para mim, assim que ele me olha, seu olhar de fúria some, vejo apenas um olhar de preocupação. Ele pisca os olhos algumas vezes, me olhando intensamente.
Eu digo baixinho:
— Está tudo bem, se acalme, podemos ir agora?
Imploro a ele, Edmon assente e olha mais uma vez para a garota e me puxa para sairmos dali.
Acho que a garota deve estar super brava agora, nem entendi porque Edmon me defendeu. Meu queixo caiu, francamente.
Assim que nos distanciamos da mulher, ele solta minha mão e diz:
— Desculpe se te assustei, mas ela não devia falar assim de você.
Eu digo agradecida:
— Muito obrigada. Como agradecimento, você janta comigo e com meu irmão, pode ser?
Ele levanta as sobrancelhas surpreso.
— Tudo bem, obrigado. Estou com fome também.
Eu digo rindo baixo:
— Ok, nós vamos logo. Vou chamar meu irmão.
Me afasto dele e vou até meu irmão.
O cutuco assim que me aproximo, ele então solta a mulher se virando e diz sem graça:
— Desculpa, irmã, perdi a hora. Cristiane, eu já vou, nos falamos depois. – Ele beija o rosto da mulher que sorri.
Ela concorda e acena para mim. Eu sorrio de leve para ela e meu irmão fica na minha frente.
— Desculpa mesmo, irmã, me empolguei, o que você estava fazendo? Algum cara mexeu com você?
Eu nego com a cabeça e meu irmão olha para trás. Ele diz sorrindo:
— Oi, caraaa e aí??
Me viro e meu irmão vai até Edmon. Os dois se cumprimentam e escuto a voz de Edmon.
— E aí, Leandro, joia? Só curtindo, né?
Meu irmão ri de nervoso e Edmon continua.
— Tanto que até deixou sua irmã sozinha, sabia?
Meu irmão fica chateado e diz:
— Desculpe, mas obrigado mano, por cuidar dela. Eu sinto muito mesmo, mana.
Ele diz se virando para mim.
Eu dou de ombros dizendo.
— Já estou acostumada, mas vamos logo, estou com fome, irmão.
Meu estômago faz um barulho super alto. Faço uma careta e meu irmão ri baixo.
— Já vamos, vou chamar o Júnior para ir conosco.
Ele diz indo até seu amigo.
Fico ali esperando ele retornar. Meu estômago só dói a cada minuto. Meu irmão me paga.