Capítulo 6 Culpar ela
A fúria de Lauren se intensificou no mesmo instante. Ela se levantou com ambas as mãos, mas a dor aguda na perna a fez cambalear.
Com os dentes cerrados, lançou um olhar fulminante para Elliot.
“Sr. Elliot, o senhor realmente diz tudo o que pensa sem refletir? Foi ela quem colidiu comigo, e mesmo assim estou sendo acusada sem ao menos saber o que realmente aconteceu. O que é isso? Já está tão acostumado a me prejudicar que nem hesita mais?”
“Você!”
“Há dezenas de testemunhas aqui. Fui eu quem não prestou atenção? Ou foi o senhor, Sr. Elliot, quem estava distraído?”
Elliot lançou um olhar ao redor e notou os convidados observando a cena com atenção, suas expressões discretas, porém claras.
Todos pertenciam a famílias influentes. Apesar de olharem Lauren — uma ex-presidiária — com certo desdém, sua educação os impedia de distorcer os fatos.
Finalmente, alguém quebrou o silêncio.
“Sr. Elliot, foi realmente a Willow quem esbarrou nela. Todos vimos.”
Com essa declaração, os demais concordaram.
O semblante de Elliot se fechou, o olhar tornou-se indiferente. Estava convencido de que Lauren queria estragar deliberadamente a festa de aniversário de Willow e envergonhar a família Bennett diante da alta sociedade de Hoverdale.
Ele conhecia bem sua irmã.
Era rancorosa, manipuladora e perfeitamente capaz de culpar os outros por seus erros. Não havia limites para o que poderia fazer.
Elliot franziu a testa, sua voz carregada de tensão.
“Mesmo que Willow tenha te esbarrado, foi um acidente. Você não poderia simplesmente ter saído do caminho? Parece que fez isso deliberadamente.”
Lauren foi tomada por uma onda de raiva tão intensa que seus ouvidos zumbiram, quase perdendo o controle.
Desviar? Mal consigo andar sem mancar, quanto mais me mover rapidamente. Como eu deveria sair do caminho? Ah, sim. Quando saí da prisão, Elliot nem acreditou que minha perna estava realmente machucada. Tudo o que ele viu foi Willow sendo empurrada, nunca eu caindo no chão.
Cansada de manter as aparências, Lauren ergueu a manga da blusa diante de todos.
A plateia ficou boquiaberta.
Seu cotovelo estava coberto de sangue fresco, os arranhões vermelhos vívidos contra sua pele clara.
Sua palma também não escapara; onde a pele se rompeu, o sangue ainda escorria, pingando entre os dedos até atingir o chão.
Lauren ergueu o braço bem alto para que todos vissem.
“Será mesmo que eu faria isso comigo por vontade própria? Machucaria-me só para ser repreendida? Você acha que sou tão miserável assim?” Sua voz tremia, prestes a desabar, e seus olhos, avermelhados, refletiam a dor.
Ao ver as feridas expostas, os olhos de Elliot se arregalaram em choque. Seu rosto se tingiu de vergonha e, por um instante, ele não teve coragem de encará-la.
Alice soltou um grito contido, largou Willow e correu até Lauren, hesitando ao tentar tocá-la para não piorar seus ferimentos.
“Laurie, você se machucou! Está doendo?” Ela soprou de leve sobre a ferida de Lauren, visivelmente angustiada.
Lágrimas brotaram nos olhos de Willow.
“Laurie, me desculpa. Elliot mandou fazer um vestido exclusivo para mim, mas ele foi danificado. Entrei em pânico e acabei colidindo com você. Por favor, não culpe o Elliot, está bem? Ele só reagiu assim porque estava preocupado comigo. Peço desculpas por ele.”
Ela olhou para Lauren com olhos cheios de piedade e lágrimas, sua expressão suave e frágil. Até mesmo seu choro parecia delicado, como pétalas sob a chuva.
Embora tenha se desculpado, sua postura fazia parecer que Lauren era quem estava sendo cruel.
Durante os três anos que Lauren viveu com os Bennett, sempre que era maltratada, Willow se fazia de vítima.
Cinco anos se passaram, mas ela continuava exatamente igual.
“Então, está me dizendo que só porque o Elliot se importa com você, ele tem o direito de me acusar como quiser?” Lauren falou com frieza, seu olhar afiado como uma lâmina. O ambiente ficou carregado com sua presença.
“Não foi isso que eu quis dizer.” Assustada com o tom de Lauren, Willow se encolheu nos braços de Alice, enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto. “Laurie, como você pode me interpretar tão mal?”
Alice envolveu Willow com um gesto protetor, soltando um suspiro resignado.
“Laurie, você entendeu tudo errado. A Willow sempre foi gentil e educada. Não é como você está insinuando. Hoje é o aniversário dela. Apenas peça desculpas e deseje um feliz aniversário. Depois, seguimos com a festa.”
Lauren arqueou uma sobrancelha, irônica.
“Isso não é a primeira vez que algo assim acontece. Sra. Alice, tem certeza de que foi um mal-entendido da minha parte? Devo refrescar sua memória sobre o que houve há cinco anos…?”
“Chega!” O rosto de Alice empalideceu, a culpa relampejando nos olhos. “Não continue com isso.”
“Ha!” Lauren soltou uma risada amarga e cheia de desprezo.
Sua própria mãe continuava a mesma — sempre defendendo Willow, sem hesitação.
Ela não suportava ver Willow sendo contrariada, mas aceitava com naturalidade que a filha legítima suportasse dor e humilhação.
Lauren, de repente, achou tudo aquilo absolutamente absurdo.
Reunindo forças para suportar a dor, endireitou as costas e começou a mancar em direção à porta.
Havia dado apenas dois passos quando uma mão firme agarrou seu braço.
“Explique-se.”
Lauren virou o rosto, claramente impaciente.
“O que exatamente quer que eu explique?”
Elliot estava prestes a explodir, mas ao encontrar o olhar ressentido de Lauren, seu coração vacilou. Engoliu a raiva e falou com esforço, tentando manter a calma.
“O que houve com o vestido da Willow?”
O vestido exclusivo de Willow era adornado com penas que cintilavam à luz, mas uma falha gritante na barra, onde as penas haviam sido arrancadas, estragava o visual impecável.
As mãos de Lauren se fecharam em punhos, seu corpo tremendo de indignação.
“Então, o senhor acredita que danifiquei propositalmente o vestido da sua irmã?”, perguntou, em tom cortante.
“Você foi a única que entrou no meu carro. A única que teve oportunidade de tocar nele.”
As lágrimas voltaram aos olhos de Willow, sua voz embargada.
“Laurie, por que você faria isso?”
Alice, aflita ao ver Willow abalada, mas relutante em repreender Lauren, suspirou com pesar.
“Laurie, eu sei que você ainda guarda mágoa, e por isso agiu assim. Vamos encerrar isso por hoje, mas no futuro, tente não…”
De repente, uma risada fria interrompeu suas palavras.
Lauren fitou sua mãe, sua voz pausada e cortante.
“O carro do Sr. Elliot tem câmera no painel. Se realmente fui eu quem danificou o vestido da Srta. Bennett, não seria fácil verificar nas imagens?”
Ela se voltou para Elliot.
“Para provar minha inocência, exijo que pegue seu celular e mostre o vídeo a todos.”
Sua confiança inabalável deixou Willow em pânico.
“Laurie, não precisamos ver as imagens”, Alice apressou-se a dizer, tentando proteger Willow. “Temos convidados presentes. Laurie, não prolongue isso.”
David, que permanecia calado até então, finalmente se pronunciou.
“Vamos encerrar esse assunto. Laurie, vá cuidar dos seus machucados primeiro.”
De novo.
O corpo de Lauren tremia de raiva. Ela sacudiu com força a mão de Elliot.
“Então, vocês vão me deixar levar a culpa pelo vestido rasgado da Willow? Tenho coragem de ver as imagens. E vocês? Do que estão com medo?”