Capítulo 19 - Não aprecio ser provocado
Alex e Magno compartilham olhares em um silêncio profundo, enquanto o garçom habilmente serve uma bebida para ambos. Rebecca, da sua mesa, observa a cena com uma expressão que denota toda a sua inquietação.
— Rebecca, você está bem? — Questiona Susan, percebendo o nervosismo da amiga.
— Não muito. A presença do senhor O'Donnel vai me causar problemas com o meu pai. — Responde Rebecca, esfregando as mãos em um gesto ansioso.
— E você duvidava que isso aconteceria? Tenho tentado te alertar para se manter distante desse homem desde que cheguei. — Murmura André, encarando com frieza.
— André, qual é o seu problema? Você sempre me aconselhava a me divertir, e agora está me julgando o tempo todo.
— Eu disse para você se divertir, não para simplesmente se entregar a qualquer um! — Exclama André, levantando-se irritado. — Não percebe o que esse homem quer? Ele está apenas tentando te impressionar com o poder econômico dele, como se você precisasse disso. Pare de agir como se fosse uma mulher qualquer! — Expressa, dando as costas com determinação e dirigindo-se à saída.
— Quando foi que ele se tornou tão idiota? — Pergunta Rebecca, perplexa pela reação dele.
— Não faço ideia do que aconteceu com ele. Mas, de certa forma, concordo com ele. Você está indo longe demais, Rebecca. — Afirma Melissa, saboreando seu drinque com elegância.
— Sério, Melissa? Vocês sempre se envolvem com pessoas aleatórias, mas quando faço isso, estou indo longe demais? Eu não sou responsável pelas atitudes do Peter. — Responde, irritada, enquanto mantém um olhar firme.
— Mas foi você quem convidou o bonitão para o pub ontem à noite, então não reclame dos problemas causados. — Declara Melissa, levantando-se e dirigindo-se a Luan.
— Você concorda com ela? — Questiona Rebecca, observando Melissa se afastar.
— Não! Sei que você não pensou no que estava fazendo, agiu por impulso, mas não é da conta de ninguém com quem você se envolve. — Comenta Susan, num tom sereno. — Qualquer problema entre a família O'Donnel e o seu amigo, com certeza, não foi causado por você.
— Assim espero. — Afirma Rebecca, percebendo um olhar intimidador de seu tio enquanto ele se aproxima da mesa onde Magno está.
— Então, o que eu perdi? — Questiona Antônio, interrompendo-os e ocupando o assento ao lado de Magno.
— Quem é você? E por que está se intrometendo? — Pergunta Alex, encarando o homem com uma expressão desconfiada.
— Sou o homem que você não deveria irritar. — Responde Antônio, fazendo um gesto calmo para o garçom servi-lo.
— Deixe-me adivinhar, senhor Halgrave, Antônio, não é? Já tive o prazer de conhecer o seu irmão. Por que não o trouxe? Seria interessante tê-lo aqui. — Comenta Alex, observando-o atentamente.
— E por que eu deveria trazê-lo? — Questiona Antônio, demonstrando curiosidade com um toque de firmeza na sua voz.
— Porque quem causou essa confusão foi a tua sobrinha. — Responde Magno, provocando uma risada sutil de Antônio.
— Na verdade, não foi ela, foi o teu filho. — Corrige Alex, alternando o olhar entre os dois homens. — E de certa forma, vocês.
— O teu comportamento só destaca o quão imaturo você é, tudo isso por uma mulher? — Questiona Antônio, com deboche na voz e um sorriso sarcástico desenhado no rosto.
— Sejamos realistas, é evidente que tenho interesse na senhorita Jenkins. — Responde Alex, dirigindo um olhar para a mesa dela. — Mas, definitivamente, ela não é a razão de vocês estarem aqui. — Afirma, encarando os homens. — Perder tempo é inadmissível para mim, então vamos resolver isso sem rodeios. Sei muito bem que vocês desviam dinheiro das empresas que administram. Sinceramente, não fico sur…
— Que diabos você está dizendo? — Questiona Antônio, alterado, interrompendo-o.
— Não me interrompa enquanto estiver falando! — Adverte Alex, encarando-o com seriedade. — Eu não sei como funciona o esquema de vocês, se são os três envolvidos, tampouco me importa se vão se incriminar. Vocês são tão incompetentes que roubam os seus clientes e deixam rastros evidentes, não levei um dia para obter informações sobre vocês. — Afirma, empurrando o celular na direção dos homens, que observam um comprovante de transferência. — Este é apenas um, dos muitos que tenho.
— Você tem consciência de que o pai dela sofrerá as consequências disso também, não tem? — Indaga Antônio, enquanto Magno exibe uma expressão apreensiva diante dessa revelação.
— Eu não tenho intenção de ficar com ela, então isso não é um problema para mim.
— Afinal, qual é o motivo por trás de tudo isso? — Pergunta Antônio, esforçando-se para manter o controle da situação.
— Permitam-me dizer que não aprecio ser provocado, muito menos ameaçado, e os três fizeram exatamente isso, sem sequer me conhecerem. Fico me perguntando se essa é a maneira comum de agirem.
— Afinal, quem é você? — Questiona Magno, manifestando claramente sua irritação.
— Vocês deveriam estar cientes, afinal, foram vocês que me trouxeram até aqui. — Responde Alex, esboçando um sorriso ao observar os homens trocando olhares.
— O que você está tentando dizer? Não faço a mínima ideia de quem seja você. Acha que com esse documento forjado irá nos intimidar? — Indaga Magno, dominado pela raiva.
— Senhor O'Donnel, não insulte a minha inteligência. Vocês estão no meu radar desde quando decidiram ser uma boa ideia me trazer até aqui. — Responde Alex, consultando o horário em seu relógio. — Conhecer a sua sobrinha, senhor Halgrave, foi apenas coincidência, um grande azar para vocês e sorte para mim. — Provoca, levando o copo de uísque à boca. — Podem até enganar o meu avô, mas vão precisar de muito mais para me enganar. — Afirma, observando os olhares confusos e, ao mesmo tempo, perplexos dos homens.
— Por essa eu não esperava. — Declara Antônio, percebendo quem é o homem diante dele. — Então, você é o jovem neto da família Shaw.
— O próprio. Prazer, sou Alex Shaw Baker. — Apresenta-se com um sorriso. — Agora que as apresentações estão feitas, podemos prosseguir com os negócios?
— O que exatamente você deseja? — Indaga Magno, fitando Antônio com uma expressão preocupada.
— Em primeiro lugar, deixem de lado qualquer negócio com o grupo Shaw. Está claro que isso não acontecerá, pelo menos não enquanto eu estiver no comando. Em segundo lugar, é evidente que não quero que ofendam a senhorita Jenkins. Nenhum de vocês questionou minha relação com ela, então presumo que já saibam tudo que aconteceu nas últimas noites. — Declara, observando a reação dos dois homens. — Em terceiro lugar, quero que os filhos de vocês peçam desculpas à senhorita Jenkins. E espero que sejam bons atores, pois quero que me convençam de que é um pedido sincero. — Provoca Alex, dando um gole em seu uísque. — Por último e mais importante, ninguém além de vocês deve saber a qual família pertenço. São instruções básicas, acredito que consigam segui-las.
— Você demonstra uma hipocrisia intrigante. E se eu optar por ligar agora para a sua namorada? Sophia Spencer, não é mesmo? — Indaga Antônio, segurando o celular. Alex, com um ar de determinação, toma o aparelho da mão de Antônio e começa a digitar um número.
— Ameaças não exercem influência sobre mim, sinta-se à vontade para fazer a ligação. Este é o número de Sophia. A propósito, senhor Antônio, é a última vez que comunico minha aversão a ameaças. Peço que não repita, do contrário, enfrentará as devidas consequências. — Adverte Alex, encarando-o com firmeza.
— Sejamos sensatos, Antônio. Manter nossos filhos afastados de Rebecca não se compara ao que podemos enfrentar. — Afirma Magno, mantendo a calma.
— Aprecio quando as coisas se desenrolam conforme meus termos. — Debocha Alex, pegando seu celular e enviando uma mensagem para Rebecca com uma confiança calculada.
“Senhorita Jenkins, poderia se dirigir até aqui, por favor?”
Após assimilar as palavras da mensagem, Rebecca direciona seu olhar à mesa de Alex, solta um suspiro decidido e ergue-se com elegância, reunindo a coragem necessária para encarar e solucionar a situação em questão.