Capítulo 14 - Você é muito certinha
Ao sair do quarto, Rebecca opta por um táxi, seguindo diretamente para sua casa. Durante o percurso, as memórias das noites anteriores assombram sua mente, um arrependimento a atormenta, principalmente com as palavras de Alex ecoando persistentemente em seus pensamentos. Ao adentrar sua casa, ela se depara com sua mãe.
— Finalmente, você chegou! — Exclama Martina, visivelmente irritada. — Onde você estava?
— Estava em um hotel. — Responde Rebecca, caminhando em direção às escadas.
— Rebecca, aguarde um momento, por favor. — Solicita, observando-a interromper seus passos e voltar-se para ela. — O que quer dizer com “um hotel”?
— É uma história longa, mãe. Explico em outro momento. A senhora parece estar de saída. — Responde, tentando desviar do assunto.
— Na verdade, estamos prestes a sair. Suba e troque de roupa, temos um almoço na casa do seu tio Antônio.
— Optarei por ficar em casa, necessito de um breve descanso.
— De maneira alguma, Rebecca. Você compreende a importância desses almoços de domingo para o teu pai.
— Não irei, mamãe. Por favor, peço que não insista.
— Por qual razão você prefere não ir?
— Peter! — Responde, com a voz embargada.
— O que aconteceu? — Pergunta, percebendo a expressão triste de Rebecca. Ela se aproxima e a envolve em um abraço.
— Peter me traiu com a Samantha. — Sussurra, apoiando a cabeça no ombro da mãe.
— Meu Deus, filha, sinto muito. — Comenta, acariciando suavemente os cabelos dela. — Não posso acreditar que ele fez isso.
— Não quero discutir isso agora, mamãe. Só preciso de um tempo sozinha. — Conclui, afastando-se do abraço materno e retirando-se para o seu quarto.
Em um café aconchegante em Boston, Sophia desfruta de uma manhã agradável na companhia de sua melhor amiga, Christine Harris.
— Como vão às coisas entre você e o Ryan? — Indaga Sophia, demonstrando genuíno interesse na vida amorosa da amiga.
— Agora estamos oficialmente juntos, finalmente, ele me pediu em namoro. — Responde, iluminando o rosto com um amplo sorriso. — E quanto a você e o Alex?
— Sinceramente, não tenho certeza. — Responde, abaixando o olhar. — Alex está em Seattle, mas parece que ele está me evitando, quase não atende minhas ligações.
— Aconteceu algo entre vocês?
— Brigamos novamente, porque insisti para ele ir à festa da família Ramsey comigo.
— Você parece não aprender, Sophia. — Repreende Christine. — Você conhece as dificuldades do Alex com o pai e o irmão.
— Mas ele se dá tão bem com as gêmeas. — Retruca, buscando uma defesa.
— Mesmo que elas estivessem presentes, isso não seria justificativa. É crucial que você mude isso, pensando no bem do relacionamento de vocês.
— Chris, estou cansada de sempre estar sozinha nos lugares. Sinto-me como a mulher que namora um fantasma, porque o Alex nunca me acompanha em lugar algum. Qual o problema de aparecer na mídia? Ele é o herdeiro da família Shaw, não tem como fugir disso.
— Eu sei, mas não é você quem decide. Há quatro anos, quando começou a mostrar interesse por ele, estava ciente de que essa seria a sua vida. — Declara, relembrando o passado.
— Vamos mudar de assunto. — Pede Sophia, ao avistar Bruna Willians e Grace Thomas. — Bom dia, princesas. — Cumprimenta com um sorriso.
— Bom dia. — Cumprimenta Bruna, cheia de entusiasmo. — Sophia, o que aconteceu com o Alex? Tenho tentado falar com ele nos últimos dias, mas não obtive resposta.
— Ele está em Seattle, o Ryan me informou que a agenda dele está bem corrida. — Explica Christine, antecipando-se à resposta de Sophia.
— Você poderia pedir a ele para reservar uma das salas vips no Pub Shaw? Com toda essa correria, acabei não organizando nada para o meu aniversário.
— Claro, vou pedir a ele. — Responde Sophia, com um sorriso simpático.
— Se tivesse prestado atenção em mim, não estaria organizando tudo de última hora. — Provoca Grace, observando Bruna revirar os olhos.
— Fique tranquila, vou conversar com o Alex mais tarde e resolver tudo. — Assegura Sophia, ignorando a chamada de Bryan.
— Você é a melhor amiga que alguém poderia ter. Muito obrigada! — Expressa Bruna, demonstrando sua gratidão.
As mulheres continuam conversando sobre amenidades por horas a fio. Em Seattle, no início da noite, Rebecca desperta com suas amigas entrando animadas em seu quarto.
— Hora de acordar, bela adormecida. Acho que você já conseguiu descansar bastante. — Declara Susan, sentando-se na cama com um sorriso animado.
— Que horas são? — Indaga Rebecca, ajeitando-se na cama.
— Hora de nos contar tudo sobre a noite. — Sugere Melissa, empolgada. — Como foi pernoitar nos braços daquele homem maravilhoso?
— Amiga, acho bom você não tirar os olhos dele. Melissa não para de falar sobre ele. — Provoca Susan, arrancando risadas delas.
— Não ocorreu nada extraordinário, senti-me mal durante o trajeto até o hotel e só despertei hoje pela manhã.
— A vida realmente não é justa. — Resmunga Melissa, visivelmente incomodada. — Não posso acreditar que você teve a chance de estar na companhia de um homem incrivelmente atraente, bem-sucedido e com muito dinheiro, e passou a noite dormindo. Você é muito certinha, Rebecca. Quando começará a se divertir?
— Escute a si mesma, Melissa. Você só mencionou coisas superficiais, sem nenhum valor real. Eu poderia dizer as mesmas coisas sobre Peter, e ele é um babaca.
— Rebecca, não dá nem para comparar. Seu amigo é muito mais interessante que o Peter. — Observa Susan com seriedade. — Mas, conhecemos nossa amiga, para ela, basta ser gostoso e rico, e está tudo perfeito.
— Não só isso, tem que ser bom de cama. — Acrescenta Melissa, soltando uma gargalhada. — Mas você, Rebecca, nem para me ajudar com isso. Se essas qualidades não são suficientes para você, ficarei extremamente feliz em comprovar se ele tem um bom desempenho durante o sexo.
— Pois fique à vontade, não tenho nada com ele. O que aconteceu foi algo totalmente atípico, e ontem eu estava apenas querendo humilhar o Peter. Aquele homem não significa nada para mim.
— Ótimo, me passe o número dele. Vou chamá-lo para sair. — Responde Melissa, empolgada.
— Não posso dar o número sem a autorização dele. — Responde Rebecca, expressando desconforto.
— Que exagero, Rebecca! Até para isso você é toda certinha! — Reclama Melissa, levantando-se da poltrona, visivelmente irritada.
— Melissa, qual é o seu problema? — Questiona Susan, observando-a atentamente. — Aquele homem nem sequer nos olhou ontem à noite. Ele não desviou o olhar da Becca. O que te faz pensar que ele terá interesse em você?
— Porque ele é homem, e tudo que eles querem é diversão. Mas vocês duas são certinhas demais para entenderem isso. — Finaliza, incomodada com a forma que Susan falou.
— Se você o encontrar por aí, vá em frente, eu não tenho nada com ele. — Afirma Rebecca, levantando-se da cama. — Droga, o carro! — Exclama, ao lembrar que tem que devolvê-lo para a concessionária.
— Mantenha a calma, esqueceu que pode contar com uma amiga responsável? — Indaga Melissa, observando-a com atenção. — Susan devolveu o carro mais cedo. Agora, vá se aprontar, vamos nos encontrar com os rapazes do Pub Stain.
— Sem chances, preciso descansar, passei as últimas duas noites na rua.
— Você quis dizer, na cama de um homem gostoso. É uma pena que você não soube aproveitar. — Provoca Melissa, arrancando uma risada dela.
— Melissa, pelo amor de Deus! Você está precisando urgentemente de uma noite de sexo! — Brinca Susan, arrancando risos de ambas. — E quanto a você, Rebecca, vá se arrumar. Estamos de férias e vamos nos divertir. — Declara, empurrando Rebecca na direção do banheiro.
— Está certo, eu vou. Mas não planejo beber hoje, já tive surpresas demais nos últimos dois dias. — Responde, entre risadas, enquanto adentra o banheiro.