Capítulo 8 É tudo por essa criança
Senhor M O R G A N – Narrando ♔
Aquela cena foi lastimável, mas era tudo o que eu podia contar a ela.
Aria estava hesitante em deixar que eu me aproximasse e com toda razão. Então, a prendi em meu peito, ouvindo-a chorar .
— Você está mentindo! Você nem tem irmãos, certo? – Perguntou ela, se afastando para me olhar. — Acabamos de nos casar e você não morreu e ainda me ama!
— Aria! – Falei a vendo dar um passo para trás. — Eu não sou ele!
Naquele momento, ela balançou a cabeça em negação.
— Para, já chega! Desde que você voltou tudo está uma bagunça e isso que você diz não tem cabimento! Eu sinto que, não sei quem você é, fica longe de mim! – Falou ela, me dando de costas.
Naquele momento, corri até ela e a segurei, abraçando-a e a mantendo de costas para mim.
— Escuta o que eu tenho para te falar!
— Eu não quero! – Disse ela, tirando minhas mãos dela e se virando para me olhar. — Até agora, você era a pessoa que eu mais amava e agora ela não existe? Por que? E desde quando você se passa por ele? E tem mais, qual é o seu nome?
— Para Aria! Eu prometi para ele... – Fui interrompido.
— A sua promessa foi para ele e não para mim! E em nós você não chega mais perto! – Respondeu ela, me dando de costas.
Eu respirei fundo e a alcancei, pegando-a no colo.
— Me solta! - Gritou
—Você vai me odiar e eu não me importo. Você vem comigo! – Falei, colocando-a por cima dos meus ombros e levando-a de volta para o carro.
Entrei rapidamente e travei as portas, vendo Aria tentar de todas as maneiras se livrar de mim.
— Você vai se machucar! – Gritei, vendo ela vir até mim e me bater.
— Abre essa merda, eu quero sair! – Pediu ela, me dando alguns tapas.
— Aria, pare! – Pedi, tentando prestar atenção na estrada. Ela estava irritada e quando puxou o volante eu a segurei no meu colo a parando. — Eu disse para!
Freei o carro com rapidez, agradecendo por não ter perdido o controle da direção e então, puxei Aria para o banco de trás, me colocando em cima dela.
— O que você está fazendo? – Perguntou ela, assustada.
Tirei a minha gravata e segurei as mãos dela a amarrando. Em seguida, me despi do paletó e da camisa, vendo-a parar de gritar e me olhar com desconfiança.
— Não ouse tocar em mim ou eu te mato! – Disse ela, me fazendo rir.
Toquei as pernas dela, puxando-as com aspereza.
Os olhos dela me mostraram o quanto ela estava assustada e então, passei a ponta dos meus dedos a alisando, sentindo-a se arrepiar enquanto eu mantinha os olhos fixos aos dela.
Então eu sorri e me abaixei até ela, nos mantendo bem próximos.
— Eu não tocaria em você nem que me pedisse e pelo que estou vendo, você vai implorar por isso! – Falei saindo de cima dela, me vestindo com o paletó.
— Cara, eu mal te conheço e já te odeio! – Disse ela, entre dentes achando que aquilo me afetaria, mas ri de escárnio e liguei o som, fingindo que não a ouvi.
E depois de um tempo, chegamos até a vila onde localizava a minha casa. Era um lugar mais afastado da cidade; não gosto muito de ter pessoas por perto.
Assim que me aproximei da entrada, um dos seguranças se aproximou do carro, me exibindo uma aparência séria. Eu abaixei o vidro e ele deu um passo para trás, se curvando suavemente.
— Bem-vindo de volta, senhor Morgan! – Disse Silas, o chefe da segurança.
Subi novamente o vidro e então, os enormes portões foram abertos. Ele avisou para a governanta pelo rádio que eu estava de volta e assim que me aproximei aos degraus da entrada, uma equipe de funcionários já me aguardava.
— Bem-vindo de volta, senhor Morgan! – Disse a governanta, com um tom sério. Desci do carro e fui até o porta-malas, entregando-a a bagagem de Aria.
— Leve para o meu quarto! – Falei, a vendo assentir e se afastar.
Fui até a porta do passageiro e ao abri-la, encontrei Aria adormecida. Respirei fundo e me aproximei.
"Não tem jeito, terei que levar ela no colo"! – Pensei.
Passei meu braço embaixo da cintura dela para a levantar, notando-a sem reação. Ela estava amolecida, não respirava e aquilo me deixou assustado.
— Aria?! – Chamei, sacudindo-a sem muita força e então, me aproximei mais para tentar ouvir a respiração dela. Naquele instante, Aria abriu os olhos e me olhou seriamente.
— Você é doente? - Perguntei irritado, por ter caído em uma armadilha dela.
— Pelo menos você tem consciência, senhor Morgan! – Disse ela, em um tom baixo, dando um riso fraco em seguida.
Olhei para o corpo dela e ao invés de soltá-la a peguei no colo. Nós estávamos tão próximos, que era capaz de eu ouvir os batimentos dela.
— O que você está fazendo? Me coloque no chão! – Pediu ela, mas sem sucesso.
Sai com ela nos meus braços, caminhando para dentro da casa e então, ela se calou ao me ver aproximar de um enorme lance de escadas.
— Satisfeita? – Perguntei a olhando. Eu sabia que ela não conseguiria subir tantos degraus naquele momento. E ao olha-la mais uma vez, a vi suspirar mostrando irritação.
— Eu ficaria se não estivesse aqui. Sabe de uma coisa? Você me assusta! – Disse ela, tentando me atingir. — Nunca sei quando vai querer me matar!
Eu sorri e voltei a prestar atenção nos degraus, terminando de subi-los e em seguida, fui até o meu quarto, deitando-a na cama.
— Entenda uma coisa, nada do que eu fizer será por sua causa. Eu também não tenho sentimentos nenhum além de desprezo por você, Aria, mas essa criança em seu ventre parece levar o sangue Morgan e até que eu prove, você não sairá daqui.
— Esse é o momento em que me arrependo amargamente por gerar essa criança. – Disse ela, com um tom de voz baixo e ao ouvi-la, travei o meu maxilar a encarando.
— Não ouse!
— Você fala isso porque não é você. Me diz uma coisa, Ellen é esposa dele, certo? E você acha que me envolvi com Cássio por dinheiro? – Perguntou ela, se sentando na cama e mantendo os olhos fixos em mim.
— Esperta você! – Falei com ironia — Você está certa! Ellen Morgan é a viúva de Cássio e também espera um filho! E como você diz que essa também é dele, ela deve nascer!
Falei, me retirando em seguida.
Desci até a copa da casa, vendo alguns serviçais arrumando a mesa de jantar e então, fui até a governanta para dar a ela as instruções necessárias.
— Senhor Morgan, em que posso ajudá-lo? – Perguntou ela com sutileza.
— Mercês, a partir de agora, peça que preparem somente alimentos leves e ricos em vitaminas. A alimentação dessa casa será com restrição de sódio.
— Certo senhor, providenciarei tudo. Ah, o médico o aguarda no escritório.
— Estou indo! Fique de olho nela, aquela desiquilibrada tem tendência a fazer merda! – Falei me afastando, ouvindo-a me responder.
— Sim senhor!
Caminhei até o fim do corredor e assim que abri a porta do cômodo, o homem com um pouco mais de meia idade me olhou e se aproximou me estendendo a mão.
— Senhor Morgan, nos encontramos novamente! – Disse ele, com gentileza.
— Obrigado por vir! – Falei o cumprimentando e então, segui até a minha cadeira. — Por favor! - Pedi apontando para a cadeira em frente, para que ele voltasse a se sentar.
O homem agradeceu e se sentou, abrindo a maleta em seguida.
— Aqui está! Fui sigiloso como me pediu! – Disse ele, me estendendo um envelope.
Peguei os papéis e agradeci, abrindo-os rapidamente, mas sem dar muita atenção. Eu queria fazer aquilo com calma.
— Preciso que faça outro favor para mim! – Pedi, tendo a atenção dele, fixa em mim novamente. — O senhor trabalha a alguns anos para a nossa família e é de confiança, por isso, quero que cuide de uma pessoa em especial.
— Pode falar! Em que posso ser útil dessa vez? – Respondeu ele, me olhando de forma curiosa.
— É a minha esposa. Ela está com cinco semanas de gestação e é de alto riso. Quero que o melhor médico cuide dela, mas antes de tudo, colha os exames dela e faça o teste com a mesma amostra que te enviei.
— E quando quer que eu os faça? – Perguntou ele, me olhando com seriedade.
— Agora!