Capítulo 6 Eu sempre honro minha palavra
Senhor M O R G A N – Narrando ♔
Eu não estava nos meus melhores dias. Tudo ainda estava uma bagunça, mas eu prometi que voltaria para Young City resolver os problemas com Aria Swan, assim que desse uma aliviada.
A primeira coisa que fiz ao retornar à cidade, foi entrar em contato com Thomas, ele seria a única pessoa capaz de ajudar naquele momento.
E foi então que descobri que Aria estava no hospital; digamos que ela tenha amigos muito bons.
Fui até ela e ao ver que havia hesitação para que ela me acompanhasse, tive que fazer do meu jeito. Eu sei que ela estava certa, pois eu parecia alguém que ela passou a temer, mas eu não poderia deixar que ela criasse aquela criança sozinha.
Ela não teve total culpa e eu jamais seria perdoado se a abandonasse.
Decidi esperar do lado de fora do quarto, enquanto ela se trocava; Aria já havia recebido alta. E então, vi Alex vir até mim com um semblante sério.
— Alex, obrigado por me ... - Ela me interrompeu.
— Não foi por você e sim por eles. – Disse ela de forma direta, entrando no quarto.
Inspirei o ar de forma irritada e me afastei para que elas tivessem mais privacidade e em questão de segundos, vi as duas saírem juntas de dentro do quarto.
Me virei para olha-las, vendo Aria sendo apoiada por Alex para andar.
— O que houve? – Perguntei, vincando as sobrancelhas, me sentindo confuso e então, elas vieram até mim.
— Cássio, ela está com episódios frequentes de tontura. Geralmente acontece quando a pressão está subindo. Sugiro que tenha bastante cuidado com ela.
— Ei, eu não sou uma criança! – Resmungou Aria, olhando para a amiga, que logo sorriu e ocou o rosto dela.
— Para mim é! Vamos, vá com ele que eu vou com o senhor gostosão! – Disse ela, acenando para a amiga.
“Senhor gos...”- Me perguntei mentalmente, olhando em direção na qual ela estava indo vendo um homem acenar para Aria em seguida.
Vinquei minhas sobrancelhas ao vê-la acenar de volta.
— Quem é ele? – Perguntei confuso, vendo-a fingir que não me ouviu, mas ao passar por mim, a voz dela saiu baixa e dava para notar-se o rancor.
— Não é da sua conta! – Disse ela, indo vagarosamente na minha frente. Me aproximei dela e peguei a bolsa que ela segurava, carregando-a para ajudar.
Aria foi calada até a porta do hospital, surpreendendo-se ao ver Thomas encostar o carro bem na entrada.
— Aria? Como se sente? – Perguntou ele, indo até ela, tocando-a nos ombros e ao me olhar, rapidamente tirou as mãos dela. — Desculpa, vem que te ajudo!
Ele a guiou até o carro e segurou a mão dela, ajudando para que ela se sentasse com calma e antes de sair, vi que ambos sorriram um para o outro.
Não era para eu me sentir daquela forma, mas algo parecia estar errado comigo, confesso.
Fui até o outro lado, me sentando com ela e levei meus olhos para Thomas, assentindo para que ele pudesse ir. Virei para olhar Aria, vendo-a encarando a rua com tanto esmero, que parecia não ter mais nada importante para ela naquele instante.
E então, um sentimento de culpa me consumiu.
Eu não deveria ter falado daquela forma com ela, mas também não poderia explicar o que aconteceu. Não ainda!
Ela teria mais motivos para me odiar, ainda mais ao descobrir o por que eu a odiava primeiro.
Foi então que notei estar a observando por tanto tempo, que nem sabia mais em “o quê” eu estava pensando. Desviei o rosto para o lado, observando também a vista dos carros na rua.
E em pouco tempo depois, chegamos em um cartório da cidade.
Assim que desci do carro, Alex e Milena já estavam na porta do lugar nos esperando, junto à Pierre, meu advogado particular.
— Senhor Morgan! – Disse Pierre, vindo até mim. Apontei com os olhos para o lado e então, nos afastamos.
— Trouxe o que te pedi? – Perguntei o vendo assentir com a cabeça. Ele abriu a pasta e tirou um envelope pardo, contendo o acordo e os bilhetes de voo.
E bem no fundo, havia uma carta, idêntica à que recebi. A caligrafia era inquestionável e o sofrimento que haviam naquelas palavras dava para ser sentido de forma intensa.
A minha primeira reação, foi de pegar a carta e colocar dentro do bolso do paletó e em seguida, voltei até onde os outros estavam, apontando com o olhar para dentro.
Aria respirou fundo e me encarou com frieza.
— Sim senhor! – Disse ela, com ironia, subindo vagarosamente as escadas.
Quando encarei os outros, Alex me olhou com um semblante fechado e apontou os olhos para a amiga. Aria tinha a sorte grande de ter uma amiga advogada, qualquer passo em falso, eu estava ferrado.
Fui atrás dela e ao me aproximar, toquei suavemente as costas dela para a guiar, mas ela parou de andar e me encarou com frieza.
— Não toque em mim! – Disse ela entre dentes. Confesso que, aquela atitude me agradou, sinal de que Aria não era tão frágil quanto imaginei.
Continuamos a andar até uma sala privada e então, um juiz de paz já estava a nossa espera. Assim que entramos, Pierre entrou logo atrás, sentando-se ao meu lado.
Ele tirou o acordo de matrimônio e nós assinamos juntos, fazendo o mesmo com o papel do cartório. Ela estava tão angustiada em estar ali, que não aparentou reação nenhuma em notar os nomes.
E essa era a minha intenção! Pedi a Pierre que entrasse junto, para que ela se sentisse pressionada e não pudesse perceber o que estava acontecendo.
Assim que saímos de lá, segurei a mão dela, tentando ser gentil. Eu fiz aquilo não por impulso ou para engana-la. Apenas prometi que faria daquele dia, algo memorável para ela.
Saímos de lá e fomos para o apartamento de Alex, onde as duas moravam juntas. Elas eram amigas de infância e uma cuidava da outra, pelo que me pareceu.
Assim que chegamos, eu pedi que entregassem a comida naquele endereço para que não passasse sem nada, Aria já esperava que não tivesse uma festa descente e eu também não faria questão de dar uma, confesso.
Enquanto eles comiam e riam juntos na mesa, caminhei para conhecer o lugar. Não era nada luxuoso, mas a organização era impecável para duas garotas sozinhas.
Na sala, que dividia espaço com uma cozinha americana, havia um rack de chão, com alguns porta-retratos delas juntas. Eram como irmãs e isso explica a tamanha afinidade.
E uma das fotos me chamou a atenção. As duas estavam em um balanço, segurando a mão de uma mulher, que aparentava ser mãe de uma delas. Assim que fiz menção de pegar, a voz de Aria soou atrás de mim.
— O que está fazendo? – Perguntou ela, me encarando com frieza. Me afastei do objeto e me virei para a olhar, guardando a mão dentro dos bolsos da calça.
— Só estava curioso. Quem é ela? – Perguntei a vendo vincar as sobrancelhas.
— Você sabe quem é! Porque parece a primeira vez que vem aqui? – Perguntou ela, me pegando de surpresa.
Desviei o olhar para o lado, vendo os amigos dela partilharem o bolo e então, arqueei a sobrancelha a encarando fixamente.
— Algumas coisas aconteceram nesse meio tempo Aria e eu tenho que te contar. Acredite, essa não é a minha vontade!
— Então não conte! – Disse ela, fazendo menção de sair, mas antes eu segurei o braço dela a impedindo de dar um passo.
— Acredite, não é minha vontade, mas sou um homem de palavra. Agora vamos, está na hora!