Capítulo 3 Caipira
Ponto de vista de Rosaline:
Saí com um sorriso no rosto.
Atrás de mim, Queenie estava tão furiosa que começou a me xingar. “Sua Ômega caipira, vou te dizer uma coisa: não vou deixar você casar com o Caden e virar a Luna do Bando Eclipse de jeito nenhum.”
Não consegui segurar o riso. Ela estava tão hostil com a minha chegada, armando uma cilada logo no primeiro dia. Parecia que não era eu quem queria casar com o próprio primo, mas sim ela.
Ele saiu do quarto, e a aura opressiva do Alpha fez Queenie recuar na hora. Ela chamou, toda mansa: “Caden.”
Dava para ver que ele estava put*. Imaginei que sua prima, sendo esperta, não ia ousar tocar no assunto da noite passada, já que isso poderia manchar a reputação dos dois bandos.
Saí toda animada, vendo que o Caden tinha tomado as rédeas e acalmado a situação. Mas, enquanto descia as escadas, lembrei de uma coisa e reclamei com a Freya: “O que rolou ontem à noite? Por que você não me acordou quando ele entrou na cama?”
Freya respondeu, toda preguiçosa: “Por favor, você estava mais empolgada que eu. Além disso, o cheiro dele é bem gostoso. Eu curti.”
Fiquei chocada. Era a primeira vez que a Freya dizia que gostava do cheiro de um cara. Curiosa, perguntei: “Será que ele é nosso companheiro predestinado?”
Freya não negou. “Por que não passamos mais algumas noites juntos para confirmar?”
“Não!” Rejeitei na hora. “Não gosto dele. O Caden é arrogante demais.”
Freya deu uma risadinha zombeteira lá no fundo da minha alma, claramente achando graça da minha reação.
Era irritante que a primeira vez dividindo a cama com um cara tivesse sido assim. Mas não tivemos mais contato, então ficou claro que ele não era meu companheiro predestinado.
O empregado me levou até o quarto de hóspedes, onde desfiz as malas antes de descer para tomar café.
Na mesa estavam Eleanor, Queenie e, claro, o herdeiro do Bando Eclipse, Caden.
Fui até lá, e a Eleanor falou, com aquele tom sarcástico: “Alguém acordou tarde e não ajudou com o café. Está pensando que já é oficialmente a Luna do Bando Eclipse?”
Olhei para ela e respondi, bem calma: “Bom, também não sou sua empregada.”
Quer que eu faça o café? Tá sonhando.
O Caden não disse uma palavra durante a refeição toda. Dava para ver que ele não gostava de mim.
E, para ser honesta, eu também não gostava dele.
O café inteiro foi cheio de tensão, com cada um lançando olhares pro outro. Depois, a Eleanor me parou antes que eu saísse e jogou um cartão de banco na mesa.
“Tem 5 mil nesse cartão. Vai comprar umas roupas decentes antes de ir pro Grupo Eclipse. E te aviso: fique na sua no trabalho. Não crie problema pro Caden.”
“Grupo Eclipse? Eu?” Fiquei totalmente perdida.
"Claro. O Richard está tentando te aproximar do Caden, te mandando trabalhar na empresa. Ele até arrumou para você ser secretária do Caden. Senão, como uma caipira como você iria entrar numa empresa tão grande?"
Minha cabeça estava girando. Parecia que o atual Alpha do Bando Eclipse, o Richard, estava mesmo decidido a forçar algum tipo de relação entre nós. A cabeça dele estava viajando, fazendo eu, a Alpha da Alcateia Sombra, ser secretária.
Como eu tinha concordado em ficar no Bando Eclipse por três meses, sair de casa e fazer alguma coisa era melhor que ficar trancada o dia todo. Eu não queria continuar enfrentando a Queenie e a Eleanor.
Mas me dar 5 mil parecia que ela estava me menosprezando.
Não resisti e respondi, com sarcasmo: “Obrigada, mas não preciso.”
Todas as minhas roupas são feitas sob medida. Pra ser honesta, a maioria das pessoas nem reconhece a marca, mas eu não estava a fim de discutir. Depois de dizer isso, subi para me trocar.
Assim que cheguei no quarto, meu celular vibrou. Uma transferência de 50 milhões apareceu na minha conta, acompanhada de uma sequência quase infinita de zeros.
“Minha querida Alpha, se cuida direitinho. Compra o que quiser, come o que quiser. Não fica com vergonha de gastar o dinheiro.”
Dei um sorrisinho e respondi: “Vô, os Holbrook estão me zoando. Não está sendo nada legal.”
Meu avô respondeu rapidinho.
“Sério? É raro alguém ter coragem de te zoar. Humm, ótimo! Beleza, agora vou pescar.”
Fiquei sem palavras.
Depois de me trocar com uma roupa profissional, saí da Mansão Holbrook. O mesmo motorista de ontem abriu a porta do carro para mim. Mas, quando entrei, vi que o Caden também estava lá.
“Você não disse que não estava nem um pouco interessada em mim? Então por que tá indo pro Grupo Eclipse para ser minha secretária?” A voz grave do Caden veio carregada de sarcasmo.
Dei um sorriso leve e olhei para ele. “Prometi para meu avô que passaria três meses com você. Depois disso, a gente terminaria o noivado.”
Caden bufou. “Não está com medo de acabar gostando de mim depois de três meses? Não vai querer ficar grudada nos Holbrook, hein.”
Não segurei o riso. A arrogância dele era ridícula mesmo.
Na minha cabeça, o Caden não tinha nada de especial. Tá, ele era bonito, mas fora isso, não valia nada, ainda mais com aquela língua afiada.
"Então, os boatos sobre o Sr. Holbrook, sempre tão distante e inacessível, são verdadeiros. Você é bem cheio de si, né? Deixa eu te avisar: não importa se forem três meses ou três anos, nunca vou gostar de você. Não nesta vida."
Ponto de vista de Caden:
Não nesta vida?
Se ela não gosta de mim, por que tá aqui no Bando Eclipse?
Olhando para expressão desafiadora da Rosaline, imaginei que ela devia estar se fazendo de difícil.
“É melhor você lembrar do que disse hoje”, falei, com um tom sombrio.
Rosaline deu um sorriso forçado. “Pode deixar, Sr. Holbrook. Fique tranquilo. Depois de três meses, cada um vai pro seu lado. Ah, e no trabalho, vamos fingir que não nos conhecemos para evitar qualquer mal-entendido desnecessário.”
Virei a cabeça, sem vontade de olhar para ela, e fiz sinal pro motorista começar a dirigir.
Meu celular vibrou com uns prints da minha secretária, mostrando uma conversa do grupo da empresa.
“Vocês souberam? A noiva do Sr. Holbrook vai trabalhar no Grupo Eclipse como secretária dele.”
“Ouvi dizer que ela é feia e veio do interior. Será que ela estudou numa faculdade de fundo de quintal? Será que ela sabe ler documentos?”
“Hahaha, ela provavelmente nem sabe usar um computador!”
...
Como sempre, notícia boa não fica parada, mas a fofoca viaja longe.
“Sr. Holbrook, tem uns comentários negativos na empresa sobre a sua noiva entrar para o time. Devo tentar controlar os boatos?”
Minha secretária pediu minha opinião, olhei para Rosaline, dei um leve sorriso e respondi.
“Não precisa. Deixa espalhar. Afinal, também não quero esse casamento.”