Capítulo 16 Medidas desesperadas
O outro testamento foi deixado para Martha. Quando Cícero o abriu, encontrou um endereço escrito na última linha.
Sem perder tempo, saiu apressado do quarto, seus passos largos o levando rapidamente até o carro.
A viagem para os subúrbios do oeste não era longa, pouco mais de vinte minutos, mas parecia uma eternidade para Cícero.
Ele não conseguia entender como alguém que já havia brilhado tanto, radiante como a própria luz, poderia escolher um caminho tão sombrio.
Enquanto isso, Paula também estava a caminho dos subúrbios do oeste, movida pela intenção de garantir trezentos milhões ao buscar Cecilia para o casamento.
No cemitério, na periferia oeste, a chuva caía implacável.
Cecilia estava caída em frente ao túmulo de seu pai, a chuva incessante a encharcando. Seu longo vestido colava-se ao seu corpo frágil, e ela jazia ali, delicada como um fio de erva daninha, como se pudesse desaparecer do mundo a qualquer momento.
Em meio à garoa, Cícero acelerou o passo, correndo em direção a moça.
“Cecilia!”, gritou, mas não houve resposta.
Os únicos sons no ar eram o vento e a chuva. Quando Cícero a alcançou e a pegou nos braços, notou o frasco de remédio vazio ao seu lado.
Com as mãos trêmulas, a ergueu.
Ela está tão leve!
Ele a chamou, o pânico crescendo em seu peito. “Cecilia, acorde! Não durma, por favor!”
Sem perder tempo, começou a descer a colina o mais rápido que pôde, carregando-a.
“Sra. Smith, chegamos”, anunciou o motorista quando pararam no cemitério.
Paula olhou pela janela e viu um homem desconhecido segurando sua filha. Sua raiva explodiu.
“Você tem muita coragem, Cecilia!”, a mulher disparou enquanto saía do carro, segurando um guarda-chuva contra a chuva forte.
Vestida com um vestido vermelho festivo, a barra agora encharcada, Paula avançou com uma expressão impaciente, pronta para confrontar sua filha.
Mas, à medida que se aproximava, notou o quão fraca Cecilia estava nos braços de Cícero, seu rosto pálido, os olhos fortemente fechados, a mulher parou de repente.
Ela estava prestes a perguntar o que havia acontecido, mas então seus olhos caíram sobre o frasco de remédio que o vento havia levado, logo o pegou rapidamente e viu as letras grandes no rótulo: Pílulas para Dormir.
Naquele momento, Paula se lembrou das palavras de sua filha de alguns dias atrás. “Se eu devolvesse minha vida a você, você deixaria de ser minha mãe? Eu não lhe devia mais a dívida de ter me dado à luz?”
O guarda-chuva escorregou das mãos de Paula, caindo no chão, apertou o frasco de remédio em suas mãos, olhando para Cecilia incrédula, com os olhos cheios de lágrimas que já não sabia mais distinguir da chuva.
“Garota ingrata! Como ousa fazer isso!” A voz da mulher tremia de raiva. “Eu que dei essa vida a você!”, seus lábios vermelhos tremiam enquanto falava.
Matheus, que estava sentado no carro, viu sua mãe parada na chuva, olhando para o cemitério. Ele não fazia ideia do que estava acontecendo, mas correu até lá, só para ficar chocado com o que viu.
Ele não esperava que Cecilia realmente...
Quando recuperou a compostura, ficou um pouco em pânico: “Mãe, o que eu faço? Usei todo o dinheiro do Sr. Larke para abrir uma nova empresa.”
Ao ouvir isso, Cícero finalmente entendeu por que a outrora alegre e forte Cecilia havia sido reduzida àquilo.
A mão de Paula apertou o frasco com mais força, seu olhar ficando feroz enquanto olhava para sua filha. “Eu sempre disse que não deveríamos ter tido você! Mas seu pai insistiu!” A voz da mulher estava cheia de veneno. “Agora veja o que você fez. Prefere morrer a nos deixar em paz!”
Ela rugiu, exasperada: “Por que não se casou primeiro, depois morreu? Por quê!”
Cícero não aguentava mais. Observando a mãe e o filho, seus olhos se encheram de raiva. “Sumam da minha frente!”, ordenou, sua voz fria. “Não me façam repetir.”
“Quem é você?”, Matheus deu um passo à frente, com um tom desafiador. “Ela é minha irmã, quem te deu o direito de mandar a gente embora?”
Cícero ignorou a pergunta do homem, logo o filho se virou para Paula. “Mãe, se não levarmos ela para o Sr. Larke logo, estamos perdidos”, lembrou, com a voz carregada de pânico.
A mulher, recuperando a compostura, apertou o maxilar com determinação. “Coloquem-na no carro”, ordenou. “Mesmo que isso a mate, vai comparecer ao casamento!”