Capítulo 8 Por sua culpa

Vanusa olha assustada com o que ela fala. — Como assim? Não sabe quem você é. — Eu... eu não sei, onde estou? Quem são vocês? E por que meu corpo dói tanto? — Alexia pergunta com a voz baixa, quase num sussurro. Vanusa corre para procurar uma enfermeira ou um médico, e logo volta com eles. — A senhora sabe o seu nome? — pergunta o médico que estava de plantão. — Desde que acordei, estão me chamando de Alexia, creio que vocês me conhecem melhor do que eu, pois não me lembro. — Cadê o prontuário da paciente? — João pergunta para a enfermeira, que responde balançando a cabeça em negação. — Desculpe, logo resolvo isso! Pelo que falei com os meninos que estão lá fora, ontem a senhora sofreu um acidente junto com o seu namorado Benício. — Alexia abaixa a cabeça um pouco desconfiada, sem saber se o que estão falando é verdade. — Esses jovens estão desde ontem esperando para lhe ver, se puder, peço para eles entrarem, talvez os conheça. Infelizmente, o médico que te atendeu não atende o telefone, a enfermeira que estava de plantão saiu de férias. Não sei muito sobre seu estado, mas vou me informar, logo volto. O médico sai para procurar o prontuário com informações sobre ela, ele estranha, pois não encontra nada, como se ela nem estivesse internada no hospital. Os gêmeos de 22 anos, Fred e Júlio, são homens de bom coração. Além de serem muito unidos, foram criados com maestria pela mãe Clarice. Eles entram no quarto e ficam olhando a bela jovem. Seus longos cabelos negros jogados por cima do ombro deixam ainda mais brilhantes seus enormes olhos azuis. Eles ficam apreensivos, pois ela realmente nunca os viu. — Oi? — Júlio fala com um sorriso educado. — Meu nome é Júlio, e esse cara amassada aqui é o Fred. — Alexia sorri, divertindo-se com a expressão de Frederico. — Cara amassada? Sua cara é igual à minha, idiota. — Ele fala rindo e revirando os olhos, amenizando o medo que Alexia estava sentindo. — Você está bem? Confesso que me assustei quando vi você e seu namorado no meio daquela fumaça toda que estava saindo do seu carro. — Estou, eu acho! Eu conhecia vocês? — Não, ontem foi a primeira vez que nós te vimos. — Júlio responde um pouco amedrontado. — Então foram vocês que me ajudaram? Obrigada! — ela os olha com ternura. — Imagina, não fizemos nada que qualquer outra pessoa faria no nosso lugar. — Fred fala, e seus olhos vão para a mesinha que tem no quarto, onde estava o presente de Laila. Ele pega e entrega o chaveiro. — Que lindo, é meu? — eles balançam a cabeça concordando, mas com dúvidas. Ela fica longos minutos olhando para as iniciais em volta do seu nome. — E essas letras... I e H? — Infelizmente não sabemos te responder. Eles conversam por longos minutos como se conhecessem há anos, até que ela começa a sentir muita dor no corte da cesariana. — Hum... por que tem esses pontos aqui? O que aconteceu? Por que sinto tanto vazio dentro de mim? — Os gêmeos se entreolham, na dúvida se falam que o bebê que ela estava esperando havia morrido. — Por que dói tanto? Com o acidente, machucou alguma coisa? — ali eles confirmam que ela não lembra que estava grávida. — Então, é que você estava... —Meninos!— Vanusa percebe que Júlio ia falar do bebê e interrompe. — Fizeram uma cirurgia na sua barriga, nada muito grave. Logo você estará bem. Alexia precisa descansar, talvez se ela dormir um pouco, a memória volte. — Vanusa fala encarando os gêmeos, que entendem que era hora de ir embora. — Dormir? — Ela fala tentando saber se estava com sono. — Tudo bem, senhora, como quiser. Até logo, meninos. Espero voltar a vê-los novamente. — Se a senhora Vanusa permitir, gostaria de continuar vendo eles. — Alexia fala um pouco triste. Com a ajuda de Júlio, ela encosta a cabeça no travesseiro e ele a cobre. — Tudo bem, filha. Será como desejar. Eles se despedem dela e saem do quarto, deixando-a sozinha. Mas ao contrário do que Vanusa falou, ela não consegue dormir. Tenta descer da cama, mas os pontos a atrapalham. Voltando a deitar, sua cabeça parece vazia, sem memórias, sem lembranças. No corredor, Vanusa tenta convencer os meninos a não falarem sobre o bebê. — Sei que parece horrível o que vou dizer, mas não falem da gravidez. Ela não se lembra nem de quem ela era. Por favor, a poucas horas não sabia nem quem era minha nora e que ela estava esperando um neto meu. Só peço que não aumentem a dor dela. Não vale a pena. Ele já está morto e não vai mudar nada se ela souber. Os meninos se olham como se conversassem com os olhos e, mesmo não concordando, decidem não falar nada. — Tudo bem, senhora. Pode ficar tranquila. Não falaremos nada. — Fred fala, segurando o braço do irmão, e saem do hospital. — Júlio, não sei se essa é a melhor decisão. Ela é mãe e tem o direito de saber a verdade. — Também acho. Acredito que se nós contarmos, é capaz até dela se lembrar de quem era. — Será? Mas se falarmos e ela sofrer e não lembrar de nada? — Fred fala tristemente. O caminho para casa foi pensando se era isso mesmo que deveriam fazer, até que escolheram não falar nada. O médico que fez seu parto chega no hospital, disposto a contar o que fez. Ele está arrependido por ter entregado o bebê, mas antes que possa se aproximar, vê Cleber encostado na parede, com a mão na cintura, como se estivesse segurando sua arma, e o encara com o olhar frio e intimidador. Cleber não conseguiu matar a criança. Ele estava desde que pegou o pequeno Isaac pensando no que fazer. Com as novas ordens de matar Alexia, ele deixou o menino numa lixeira e saiu para terminar o que começou. Mas quando chegou no hospital, deu de cara com muitas pessoas na porta do quarto, o impedindo de entrar. — Doutor! Você por aqui? Pensei que com o dinheiro que minha senhora lhe deu, você iria sumir. — O médico treme de medo. Cleber fez isso para deixá-lo alertado, mostrando que está de olho. Fagner encontra o outro médico, que o interroga sobre o estado da paciente do quarto 105, onde Alexia estava. — Então ela acordou e não se lembra de nada? — Ele fala surpreso e aliviado ao mesmo tempo. Cleber observa e escuta a conversa. Fagner logo dá as ordens para que façam uma radiografia e um exame completo na cabeça de Alexia. — Pode ser a batida, ela tinha alguns pedacinhos de cacos de vidro na cabeça, tivemos que dar 12 pontos. — Fagner fala, ignorando o seu colega de profissão. Durante dois dias, Alexia fica em observação. Ela gosta daquela atenção que recebe. Vanusa está se revezando entre ela e Benício. Sozinha no quarto, entra uma moça muito bonita. Seus olhos azuis e cabelos claros até os ombros tinham uma grande semelhança entre Benício e ela. Antes que Alexia conseguisse cumprimentar ou perguntar quem era, Betina se aproximou da cama dela e segurou seu braço com certa raiva. — Escuta aqui, sua vaca desmemoriada. Foi por sua culpa que meu irmão está em coma. Você é quem deveria estar naquela droga de cama. — Betina falou, demonstrando toda a raiva e rancor que sentia por Alexia. Seus olhos lacrimejados pela dor de ver quem ela tanto amava em coma, ela não conseguia parar de odiar alguém que sequer conhecia. — Você é uma miserável interesseira que só quer o dinheiro do meu irmão. Bem que Lívia me falou que eu ia detestar te conhecer. Por sua culpa, lembre-se disso, por sua culpa meu irmão pode morrer... — Falando isso, Betina saiu do quarto sem olhar para trás. Alexia se sentiu mal ao ver tamanha dor nos olhos de Betina e passou a se culpar. Encolhida na cama, sozinha, ela chorou com medo de ser realmente culpada. Sem querer incomodar ninguém, ela decidiu ficar em silêncio sobre o ocorrido. Vanusa entrou e, como sempre, sorridente. Ela era uma mulher muito bonita, loira de olhos claros, assim como Benício e Betina. Ela ajudou Alexia a tomar banho e comprou algumas peças de roupas no estilo que ela estava usando antes, um pouco mais simples, pois a cidade não tinha muitas opções. Vanusa ajudou a arrumar seu cabelo, amarrando-o em um rabo de cavalo, e a alimentou como se fosse uma criança. Alexia se apaixonou por Vanusa sem ao menos tentar. — Senhora Vanusa? — Alexia falou com medo de estar incomodando sua leitura. — Oi, filha. O que foi? Está com fome? Quer algo para beber? — Não, eu estou bem! É que eu queria saber se posso ver ele, digo, o seu filho. — Apreensiva, ela abaixa a cabeça, como se fosse sinal de submissão. — Claro, minha nora linda, vamos? — Vanusa segura suas mãos e a olha sorrindo. Ela ficou feliz por Alexia querer ver o Benício. — Você acredita que ele acordou? Digo, abriu os olhos. O médico disse que é reflexo, mas eu sinto que ele vai acordar. — Sim, também tenho fé de que ele logo vai sair do coma. — Alexia fica feliz em saber que Benício abriu os olhos, sinal de que ainda há esperança. Caminhando lentamente pelo corredor, ela chega no quarto ao lado. O belo rapaz estava com os olhos abertos, como se estivesse olhando para algum lugar. Alexia o olha por longos segundos, mas sua atenção é desviada para uma bela moça alta, de cabelos loiros medianos e lisos. Sua postura perfeita, equilibrando-se perfeitamente em cima dos lindos saltos agulha, com um vestido branco curto, com uma pequena abertura na coxa. Ao ouvir a porta se abrir, ela solta o travesseiro e o coloca ao lado. Segura sua pequena bolsa com uma mão e vira-se olhando para as duas. — Quem é você? — Vanusa pergunta estranhando a visita dessa desconhecida, pois havia acabado de sair do quarto dele e não tinha ninguém. Vendo uma estranha segurando um travesseiro ao lado do filho, lhe deu um pressentimento ruim. — Desculpe, senhora. Vi a porta encostada, resolvi entrar. Estava arrumando a cabeça dele... parecia estar desconfortável, pois estava um pouco torta! Prazer, sou Dafne... uma amiga do Benício.
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Conteúdos
Capítulo 1 Conhecendo a personagem Capítulo 2 Não tenho tempo a perder Capítulo 3 Chegou dar medo Capítulo 4 Traição Capítulo 5 Perdida num lugar desconhecido Capítulo 6 Você de novo? Capítulo 7 Coma Capítulo 8 Por sua culpa Capítulo 9 Case-se com ele Capítulo 10 Esperança do despertar Capítulo 11 Mãe da Alexia Capítulo 12 Ela esta morta appCapítulo 13 O odio é o que me alimenta appCapítulo 14 Quem é você? appCapítulo 15 Eu te amo appCapítulo 16 Eu vou te destruir, impostora appCapítulo 17 Ela não faria isso comigo appCapítulo 18 Por quê você me deixa assim? appCapítulo 19 Incertezas do coração appCapítulo 20 Sentimentos conflitantes appCapítulo 21 A foto do caos appCapítulo 22 A festa appCapítulo 23 Ciúmes descontrolado appCapítulo 24 Não me deixe sozinha appCapítulo 25 O acaso nos uniu appCapítulo 26 Nao queremos problemas appCapítulo 27 Seu irresponsável appCapítulo 28 Se entregando a paixão appCapítulo 29 Nao vale a pena lembrar appCapítulo 30 Você sentiu algo estranho? appCapítulo 31 Alexia? appCapítulo 32 Adeus, querida appCapítulo 33 Um dia inesquecível em Paris appCapítulo 34 Então é verdade appCapítulo 35 Você está me chantageando? appCapítulo 36 Decepção appCapítulo 37 Nao consigo, não agora appCapítulo 38 O plano perfeito appCapítulo 39 Por favor, nao me esqueça appCapítulo 40 Presa appCapítulo 41 Eu nao posso te perder appCapítulo 42 Está me deixando preocupado appCapítulo 43 Testemunha appCapítulo 44 O que é isso? appCapítulo 45 Memórias appCapítulo 46 De volta para a realidade appCapítulo 47 Pode ser perigoso appCapítulo 48 Sua mãe biológica appCapítulo 49 Eu estou de volta appCapítulo 50 Como é bom te ter de volta appCapítulo 51 Tanta coisa aconteceu appCapítulo 52 Estava com saudades appCapítulo 53 O que ela fez appCapítulo 54 Nunca houve um corpo appCapítulo 55 Va embora appCapítulo 56 O que você fez Haydée? appCapítulo 57 Queria tanto te ver appCapítulo 58 So para não esquecer appCapítulo 59 Boa garota appCapítulo 60 Chega de brincar de se esconder appCapítulo 61 Revelações obscuras appCapítulo 62 Quanto tempo appCapítulo 63 Vão atrás dele appCapítulo 64 Eu faço qualquer coisa appCapítulo 65 Não, não pode ser appCapítulo 66 Fim da linha appCapítulo 67 Fica aqui comigo appCapítulo 68 Será que eles estão bem? appCapítulo 69 Perdoar é preciso appCapítulo 70 Vim te buscar appCapítulo 71 Que tristeza appCapítulo 72 Eu não vou deixar appCapítulo 73 Vivendo a verdadeira felicidade app
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