Capítulo 8 Desencontros
CAPÍTULO 7
Islanne Lima
2 meses depois
Hoje precisei internar a minha mãe, pois está a cada dia pior... ela não consegue se alimentar e o sangramento aumentou devido à tosse absurda. Eu passo os dias e as noites de olho nela, vejo o seu sofrimento diariamente e já não sei como prosseguir.
Quando estou dando aulas não consigo ficar tranquila, e como passei mal quando cheguei aqui, acabei fazendo uns exames e não acreditei quando ouvi as palavras do médico:
— A senhorita está grávida de oito semanas!
— Deve estar errado... eu não posso, doutor! Eu fiz sexo apenas uma vez, e nem preocupei, pensei que essas coisas fossem complicadas... — falei passando a mão no rosto.
— É só olhar na imagem aqui na tela... vou colocar o coração para que você ouça... — nem acreditei quando vi e ouvi que tinha mesmo um bebê ali... uma vida gerada por mim e por...
— Aí meu Deus! Eu nem sei onde está o pai do bebê! — falei apavorada ao me lembrar que troquei de número para que ele não me encontrasse, e como pago o aluguel corretamente, o assessor ainda não apareceu, e nem muito menos, o Louis.
— Calma, aos poucos a senhorita vai resolvendo essas coisas, se preocupe em cuidar da gestação com atenção, se alimentar bem...
O médico foi falando coisas lindas, e me acalmando, mas a verdade é que fiquei apavorada. Agora que a minha galeria de dança começou a gerar lucros maiores, como vou trabalhar daqui a uns meses?
Ainda tenho a minha mãe doente, que está internada, e o meu pai sumiu.
Quando contei para a minha mãe sobre o bebê, ela ficou muito nervosa e me fez prometer que procuraria o Louis, então a deixei no hospital e fui atrás do assessor.
Pedi o contato do Louis, mas ele me disse que ele estava na cidade, e iria me procurar em breve, não podia passar o número assim, mas deixaria o meu novo número anotado e daria o recado.
Fiquei a tarde toda fora, e quando voltei ao hospital, precisei de atendimento médico. A minha mãe faleceu e eu não estava ali.
Fiquei completamente sem chão. A minha mãezinha era tudo que eu tinha de mais precioso, e agora foi tirada de mim. Cheguei a entrar no quarto quando ela ainda estava lá, mas o seu corpo estava gelado, e precisei que me levassem também.
— Traga ela de volta, doutor! Traga de volta! — eu cansei de repetir e não conseguirei esquecer do rosto do médico que me negava todas às vezes da mesma forma, e aquilo doía dentro de mim.
Quando acordei estava numa maca tomando medicação, e o meu pai apareceu e parecia nervoso.
— Por que veio? Você não a amava! — falei virando o rosto para não vê-lo.
— Não diga o que você não sabe! Eu sei dos meus sentimentos, e eu a amava, sim! — nem o olhei, apenas chorei tudo o que eu queria chorar, e fiquei o tempo todo com a mão na minha barriga, o meu bebê me daria forças para continuar e seria a minha luz naquela escuridão.
— Ela te escreveu um bilhete, pediu para que eu a entregasse... — olhei para ver o bilhete.
— Você a viu? Estava com ela? — ele assentiu, e puxei apressada aquele bilhete:
“Filha querida... eu estou partindo. Fico feliz em ver que terá um ser cheio de luz que te fará companhia, mas não deixe de procurar o pai dele, mesmo que não fiquem juntos, é certo ele saber. Pedi para sair porque grávida seria difícil demais para você ver a minha partida. O teu pai tem vindo me ver ocasionalmente, não o julgue tanto, também tivemos momentos bons enquanto vivi. Eu te amo minha menina!“
Foi triste demais, e só me levantei na hora do velório. Coloquei uma roupa preta, touca e óculos escuros. Velamos numa igreja perto da praia e fiquei feliz que o Leno veio me ver, eu estava me sentindo muito sozinha.
Ele me abraçou e ficou junto comigo, e fiquei grata de não estar sozinha num momento como esses. Depois que ela foi enterrada o meu pai foi embora e eu fiquei no jardim de casa com o Leno.
— Eu sei que não estamos juntos, mas se precisar de mim, estou aqui! — me abraçou e fiquei um tempo ali com ele.
— Obrigada.
— Se quiser vender a casa, posso te ajudar... imagino que não queira ficar aqui com lembranças da sua mãe...
— Sim, você tem razão... se puder ver isso pra mim, eu agradeço, hoje mesmo vou tirar as minhas coisas, não quero olhar para mais nada.
— Tudo bem, eu te ajudo!
Louis Davis
Tentei falar com a Islanne naquele número e nunca consegui. A Malu ficou em Nova York e agora somos amigos... acho que eu nunca terei uma mulher de verdade, todas se tornam amigas, amantes, ou até mesmo irmã, como a Luana se tornou, o que foi ótimo, mas eu fico desanimado que continuo solteiro.
A cada dia fico mais ocupado com o meu trabalho, e é difícil conciliar as coisas.
Quando o meu assistente me passou o contato da Islanne, eu estava chegando em Washington, e decidi ir procurá-la no outro dia e ver do que se tratava, mas ao vê-la abraçada com o seu ex namorado folgado, fui embora...
Provavelmente seriam coisas da galeria, então deixei para que o assessor resolvesse, afinal ela não foi me procurar naquela noite, provavelmente aquela foi a nossa despedida, embora ele nunca tenha me falado mais nada, acho que ela desistiu do que iria pedir agora, também.
— Pensando na vida, Louis? — Edineide, apareceu do nada na cozinha.
— Aí que susto, Edineide! Agora entendo as coisas que o Igor contava, você aparece do nada! — ela era a cozinheira, agora é mais uma amiga da família, já que a Luana a mandou para ficar de olho em mim.
— Oshi... nem fiz nada, sou um anjo!
— Sei... ainda não esqueci que contou onde eu estava para a Malu! — falei de cara feia.
— Eu só quis ajudar, você me pareceu triste naquela ligação, agora não reclame! Encontrou alguma bronzeadinha bonita por lá, foi?
— Acredita que sim! Mas, graças a você não pude ir atrás dela naquela noite!
— Credo, você tá ficando impossível! Se ficar de frescura vou voltar para a casa da minha menina, lá todos gostam de mim!
— Nem começa de chantagem, Edineide! Vou te arrumar um parceiro bacana, o seu caso é estresse! Sabia que tem um escultor iniciante na galeria que estava num aplicativo de encontros, e parecia interessante!
— Oshi, mas por que num encontra de uma vez? Esse negócio de ver no celular não funciona, não! Se ele quiser eu me encontro com ele, é bonito? — gargalhou e peguei o celular.
— Vou ligar pra ele e agendar... — Edineide voou em cima de mim, roubando o meu celular feito doida.
— TÁ MALUCO! ERA BRINCADEIRA, PARA COM ISSO, NÃO VAI MANDAR NADA, NÃO! — saiu quase correndo com o aparelho e fui atrás.
— Edineide volta aqui! Me devolve o celular que preciso dele...
— Vou devolver nada, vai que você liga! — ela corria e eu ia atrás; ela ia de um lado e eu para o outro e não consegui pegar o aparelho.
— Edineide! — parou me encarando.
— Olha só... se aparecer algum encontro agendado, não vai nem poder comer mais em casa! Vou colocar açúcar no feijão e sal no bolo!
— Tá bem, eu hein! — estiquei a mão e ela colocou o celular devagar.
— Não esquece! — ameaçou.
— Já entendi, Edineide! — ergui as mãos, derrotado.