Capítulo 4 Minhas escolhas
Por Milena
Como assim: Se gosto do que vejo?!
Gente, está parecendo natal fora de época. Aquele presente inesperado, mas sempre desejado.
Pois é, ali… na minha frente! Minha massa cinzenta, onde você foi parar?
Parece que está acostumado a ser devorado assim.
– Fique à vontade. Ali é o lavabo, mas se quiser, aquela porta dá para o meu quarto. Vou pedir algumas coisas para trazerem para nós, como eu disse: a noite é uma criança!
Seu olhar me devora, cheio de promessas e algo mais.
Mas não me deixo intimidar, é aquela coisa: se está na chuva, é para se molhar.
– Certo, vou aceitar.
E dizendo isso, caminho até o lavabo. Não me sinto muito à vontade indo até seu quarto, melhor ir devagar com o gostosão. Aproveito para fazer a toalete, dar uma retocada na maquiagem, nada exagerado. E quando termino, saio do lavabo.
Ele está na pequena cozinha, preparando algo. Vou até a porta balcão que dá para a varanda. Estamos em um dos últimos andares do hotel.
A vista daqui é incrível!
A cidade lá embaixo pisca para mim, e meus pensamentos voam.
Nunca achei que um dia eu poderia chegar onde estou prestes a chegar. Quando você vem de um orfanato, as possibilidades são reduzidas, mas quis Deus que Letícia chegasse em minha vida. Nunca fiz corpo mole para as coisas, mas fui abençoada.
Dou um duro danado, principalmente quando deixei o orfanato.
Nunca me permitir me ver como vítima, como alguém que foi deixada a própria sorte. Sempre achei que se a vida lhe der limões, faça uma limonada, um pote de sorvete ou até uma sorveteria inteira.
Mas faça!
Ficar tendo piedade e se lamuriando pelo que a vida lhe causou, não te levará a lugar nenhum.
Agora, pegar as situações difíceis e torná-las seu combustível, é o que fará de você, quem você é de verdade.
Posso ter sido criada de maneira diferente, mas o lugar nunca definiu quem eu sou.
Mas minhas escolhas e meus objetivos me definem.
Quando Letícia soube que eu iria deixar o orfanato, ela até insistiu para eu ir morar com ela e os pais, no entanto, por mais que a proposta fosse muito boa, eu me organizei para começar a fazer as coisas por mim mesma.
Essas lembranças sempre me surgem do nada e nem sei explicar porque estou pensando nisso agora.
– Tomei a liberdade de abrir um frisante para nós - fala ele assim que se aproxima de onde estou.
– Frisante?
– Acho que combina com você.
Olho para ele sorrindo, pois essa deve ser sua tática com todas que adentram ao seu abatedouro… ou melhor, seu quarto de hotel. Mas hoje, vou deixar só acontecer.
– Obrigada! - digo sorrindo para ele.
Logo a campainha toca, e o dono do quarto sai para atender. Um carrinho cheio de coisas gostosas é entregue. O bonitão sai empurrando o carrinho e arruma tudo no pequeno balcão da cozinha. Depois volta a ficar ao meu lado, observando a cidade lá embaixo.
– Meus dias são tão corridos que mal tenho tempo de observar tudo isso.
– Sério? - falo e bebo um pouco do meu vinho.
– A vida poderia ser mais fácil e menos cheia de compromissos - acabo concluindo.
– Nisso concordamos.
Ele bebe do seu vinho.
E continuamos observando a cidade um pouco mais, cada um em seu próprio silêncio.
– Venha, pedi algumas coisas para comermos.
E assim, ele pega na minha mão e me leva até o balcão. Ficamos ali, conversando sobre amenidades enquanto comemos frutas, pães e frios diversos.
Ele é um homem muito culto, vivido, com grandes experiências fora do país. Isso torna nossa noite ainda mais interessante.
Deixo ele falar mais de si, do que eu mesma falo de mim. Não gostaria de mexer em algumas gavetas onde meu passado habita.
Ao terminar, volto para a porta balcão e percebo que ele diminui a iluminação da sala. Sinto que as coisas estão para mudar, mas continuo fazendo de conta que não percebi.
Ele pede minha taça para colocar mais vinho. No entanto, volta sem as taças na mão e me abraça por trás encostando seu nariz em meu pescoço, um carinho inesperado.
– Era como eu imaginava - sussurra em meu ouvido – cítrico e doce.
E quando termina beija meu ombro, ganhando tempo ali naquele espaço descoberto, deslizando sua língua de maneira maliciosa, me fazendo derreter entre minhas pernas.
Suas palavras me arrepiaram, despertando um calor pulsante dentro de mim. Ele sabia exatamente como ganhar tempo naquele espaço descoberto, deslizando sua língua de maneira maliciosa, provocando arrepios deliciosos que percorriam todo o meu corpo.
Sua mão grande e forte deslizou pela minha cintura, puxando-me mais para perto.
Eu podia sentir sua respiração quente contra minha pele, criando uma sensação eletrizante que fazia meu coração acelerar. Seus dedos hábeis deslizaram pelos meus cabelos, fazendo-me suspirar enquanto ele os acariciava com ternura.
A noite estava quente e carregada de desejo, e eu me derretia completamente sob seu toque habilidoso. Suas mãos traçaram um caminho ardente pelo meu corpo, explorando cada curva, cada centímetro de pele, como se estivesse me desbravando, me descobrindo.
Nossos lábios se encontraram em um beijo ardente e apaixonado, nossas línguas dançando em uma sincronia perfeita. Ele me puxou para seu colo, seus braços fortes me envolvendo com firmeza e com isso, ele nos leva para seu quarto.
Sem me tirar do colo, ele nos deita em sua cama e nem sei em que momento, ficamos totalmente despidos.
E assim nossa entrega alcança novos patamares de intensidade, cada movimento e suspiros carregados de uma paixão irresistível que nos consome por completo.
Me senti tomada por uma onda arrebatadora de paixão, uma urgência que só podia ser saciada por ele.
A loucura me alcança e tudo isso aqui acaba sendo uma experiência nova mas ao mesmo tempo incrível!
Suas mãos exploravam cada parte de mim, suas carícias habilidosas me levando à beira da loucura. Cada toque, cada beijo, era uma promessa de algo que eu não imaginava existir.
Nossos corpos entrelaçados em perfeita harmonia, como se fossem feitos um para o outro, dançando uma dança de amor e luxúria que nos consumia por inteiro. Cada movimento era um convite para o prazer, uma sinfonia de gemidos e suspiros que preenchia o quarto.
Um sussurro rouco escapa dos meus lábios, ecoando no silêncio enquanto ele me levava cada vez mais alto, suas mãos habilidosas explorando cada centímetro do meu corpo. Cada toque era uma promessa de algo novo, cada beijo um convite para nos perdermos juntos naquele momento de paixão desenfreada.
E então, quando finalmente chegamos ao clímax, foi como se o mundo todo desaparecesse ao nosso redor. Um sentimento novo e desconhecido me tomou de assalto, uma onda avassaladora que nos fez gemer em uníssono, nossos corpos se contorcendo na mais pura paixão, enquanto nos perdíamos um no outro. Era uma explosão de sensações, um momento de pura entrega e conexão que nos deixou sem fôlego e completamente… saciados.
No silêncio que se seguiu, ainda envolta no calor do seu corpo, eu sabia que aquela noite nunca seria apenas uma lembrança passageira.
Ela estava cravada em minha pele, marcada a ferro e fogo em cada suspiro ofegante, em cada arrepio que ele arrancou sem piedade.
Ali, naquela cama, sob a luz pálida da lua, eu me sentia inteira e, ao mesmo tempo, completamente destruída.
Essa foi minha primeira vez, e nada, absolutamente nada, poderia ter me preparado para isso.
Foi intenso.
Insano.
Brutal.
Avassalador.
Cada toque, cada beijo, cada olhar queimou como brasas vivas, me consumindo de dentro para fora, me jogando em um abismo do qual eu não queria — e talvez nem conseguisse — escapar.
Mas então, um pensamento indesejável me atinge como um choque gelado.
Eu não sei seu nome.
Não sei quem ele é, de onde veio, ou por que diabos o destino nos uniu nessa explosão insana de desejo.
Tudo o que sei é que ele me tomou como se já fosse dele, como se sempre tivesse sido, e agora está aqui, adormecido ao meu lado, com o peito subindo e descendo em um ritmo tranquilo que contrasta cruelmente com o caos dentro de mim.
E o pior?
Eu não sei se quero que ele acorde… ou se pref
iro fugir antes que o dia amanheça e a realidade me engula inteira.