Capítulo 7 Obedeça
CAPÍTULO 7
Don Alexei Kim
O jato aterrissou com uma força brutal na pista rochosa da ilha de Elba, e eu não esperei sequer as turbinas desacelerarem para sair da cabine.
Assim que meus pés tocaram o chão, minha equipe já estava a postos, formando um semicírculo em torno de mim, prontos para agir. Não precisaram de ordens. Eu sabia que Maria Luíza estava dentro da casa grande, e enquanto andava em direção à porta, a raiva queimava lentamente dentro de mim.
“Essa mulher pensa que tenho tempo para essas merdas?“
Assim que entrei, vi Don Antony já acomodado, com aquele sorriso maldito no rosto, como se estivesse esperando por mim.
— Alexei, sempre pontual. — Ele se levantou lentamente, estendendo a mão como se fosse um encontro amigável. Mas eu não estava interessado em cordialidades.
— Onde ela está? — perguntei, ignorando o gesto e avançando diretamente para o centro da sala.
— Depois que cumprimentar o Don vai saber... — era aquele maldito consigliere. O encarei enfurecido e com um passo pra trás, apertei a mão do Don Antony.
Meus olhos varreram o ambiente, registrando cada rosto ali presente. Todos quietos, tensos.
Os três homens que estavam com Maria Luíza me encaravam, claramente desconfortáveis. Eu sabia que eram os responsáveis por apontar armas para ela, e isso era algo que não ficaria sem consequências.
Antony deu uma risada curta, percebendo o clima pesado.
— Ela está descansando, Alexei. Depois de uma viagem turbulenta e tantas... tensões, achei que seria melhor deixá-la se acalmar um pouco.
— Eu não perguntei o que você acha melhor, Antony — repliquei, meu tom mais gélido do que eu pretendia. — Quero saber como esses... — apontei para os três homens com um aceno de cabeça — Pretendem resolver a situação?
Os três trocaram olhares rápidos, claramente sem saber como responder.
— Eles fizeram o trabalho deles, Alexei. Precisavam ter certeza de quem ela era. Estamos em uma situação delicada, você sabe disso. — Antony tentou intervir, mas eu não deixei que ele suavizasse a situação.
— Eu quero ouvir da boca deles. — Cruzei os braços e olhei diretamente para o líder do grupo, o homem que teve o telefone arrancado das mãos por Maria Luíza. Ele tentou manter a compostura, mas o nervosismo era evidente.
— Senhor Kim, nós... não sabíamos quem ela era no início. Ela apareceu sem aviso. — Ele começou, a voz tensa. — A situação estava... complicada. Mas, assim que ela se apresentou como sua noiva, tomamos as precauções necessárias.
— Precauções? — ergui uma sobrancelha, dando um passo à frente. — Essas precauções incluíram apontar armas para ela? Ou você acha que vou aceitar essa desculpa ridícula de que "não sabiam quem ela era"?
— Não tivemos escolha, senhor. — O homem tentou se justificar, a voz trêmula. — Achamos que ela poderia ser uma espiã...
— Uma espiã? — interrompi, meu tom gotejando sarcasmo. — Vocês realmente acham que minha noiva, seria uma espiã? Ou estavam simplesmente com medo de lidar com alguém com mais cérebro do que todos vocês juntos?
“Até porque, não confio nessa mulher. Tenho motivos suficientes para desconfiar.“
O homem abriu a boca para responder, mas eu já tinha perdido a paciência. Dei um passo à frente, encarando-o diretamente nos olhos.
— Se mais alguma vez uma arma for apontada para Maria Luíza, vou garantir pessoalmente que seja a última coisa que você fará na vida. — Minha voz era baixa, quase um sussurro, mas carregava uma ameaça mortal.
O homem abaixou a cabeça, claramente sem coragem para me encarar, meti um tiro no seu tornozelo.
— AHHH, PORRA! — gritou, dei um giro na pistola e apontei, esperando que alguém intervisse.
— É apenas um aviso, porque estou de bom humor...
Eu me virei para Antony.
— Espero que agora eu possa levar minha noiva, Don Antony. — Minha voz agora dirigida a ele, enquanto mantinha o olhar firme. — Porque da próxima vez que ela sumir do meu ponto de visão, não haverá conversa. Só consequências.
Antony deu um leve sorriso, mas havia algo de calculado nos olhos dele.
— Está certo, Alexei. Mas é bom lembrar que não podemos deixar que emoções... complicadas estraguem o que está em jogo. Eu manterei meus olhos em você e como cuida da minha prima, lembre-se disso.
Eu o encarei por um momento, avaliando suas palavras. Ele sempre tinha uma segunda intenção, uma jogada oculta, mas naquele momento, eu estava mais interessado em garantir que levaria Maria Luíza.
— Vamos resolver isso do jeito certo, Antony. — Minhas palavras foram cortantes, deixando implícito que eu não estava disposto a abrir mão de nada. — Onde ela está?
— No quarto principal. — Antony indicou com um gesto de cabeça, sua expressão ainda calculista. — Descanse, Alexei. Ainda temos tempo para resolver tudo... em paz.
Sem olhar para trás, caminhei com passos firmes em direção à escadaria que levava ao quarto principal. A raiva dentro de mim crescia com cada passo. Não era só a confusão toda em que Maria Luíza se meteu, mas o fato de ela estar ali, cercada por homens, sem que eu soubesse de nada.
Cheguei à porta do quarto e a empurrei com força. Maria Luíza estava de pé, perto da janela, seu olhar perdido na paisagem lá fora. Assim que me viu, sua expressão mudou de calma para surpresa, mas eu não estava com paciência para qualquer tipo de conversa.
— Vamos. — Eu disse, minha voz dura e direta.
Ela me olhou, confusa, como se esperasse uma explicação. Mas eu não estava ali para discutir ou explicar. Ela não parecia machucada, mas isso não diminuía minha irritação.
— Alexei, o que está acontecendo? Antony disse que eu poderia ir? — ela perguntou, a voz soando calma, mas eu sentia que havia mais por trás daquele tom.
— Não vou discutir agora, Maria Luíza. Ele te deu pra mim, não tem o que questionar. Você faz o que eu mando e pronto, porra! — Me aproximei rapidamente, agarrando seu braço com firmeza, mas sem machucá-la. — Você vai sair daqui, agora.
Ela tentou resistir, puxando o braço para longe, mas eu a segurei com firmeza. Seus olhos se estreitaram, visivelmente irritada com o meu tom autoritário.
— Eu não sou sua prisioneira, Alexei! — ela retrucou, sua voz elevada. — E o que diabos você pensa que está fazendo, entrando aqui e me tratando desse jeito?
Eu me virei bruscamente para ela, aproximando-me mais, meus olhos fixos nos dela. A proximidade fez o ar entre nós parecer mais pesado. Ela estava com um ar de desafio, o que só inflamava ainda mais minha frustração.
— Caso esteja com amnésia, o nosso casamento é amanhã. Você atrapalhou meus planos, meu trabalho, então o mínimo que precisa fazer é ficar de boca fechada. — Rosnei, puxando-a com mais firmeza em direção à porta. — E você vem comigo, quer goste disso ou não.
Ela tentou resistir de novo, mas dessa vez eu a puxei com mais força, fazendo-a andar ao meu lado.
Descemos as escadas em silêncio, exceto pelos protestos abafados de Maria Luíza. Quando chegamos ao saguão, os homens de Antony ainda estavam lá, mas dessa vez ninguém ousou nos encarar diretamente, exceto o Consigliere que me fez parar ao sentir encostando no meu ombro.
— Se eu imaginar que maltratou a Malu, eu vou atrás de você até no inferno. — Me aproximei, estava com algo engasgado. O encarei à altura, cuspindo as palavras.
— “Malu” é o caralho... A “Maria Luíza” é minha! Já não basta ter ficado com a Maria Eduarda? Ouse se aproximar dessa pra você ver.
— Está avisado. — insistiu em falar, puxei Maria Luíza que estava se despedindo do Don, e vi como ele me encarou.
Apertei o passo até o jato, sem nunca soltar o braço dela. Assim que chegamos, liberei sua mão e abri a porta do jato com força, gesticulando para que ela entrasse.
— Entra. — Foi tudo o que eu disse, sem olhar para ela, tentando controlar a fúria que ainda queimava dentro de mim.
Ela me encarou por um momento, com o olhar duro, antes de entrar no jato, sua postura tensa. Eu sabia que esse assunto estava longe de acabar.
— Você questionou meu cunhado? Se queria casar com a minha irmã, porque engravidou outra? — apertei os dentes e me sentei na poltrona a ignorando.
— Depois conversamos.
— Por que questionou o Maicon?
— Já disse que depois...
— VOCÊ PRETENDE PASSAR MAIS DE DEZ HORAS NUM VOO EM SILÊNCIO? PORQUE NÃO PRETENDO ESPERAR DEZ HORAS SÓ PORQUE VOCÊ QUER! — gritou, levantando da poltrona e colocando os braços sobre os meus.
Meus homens olharam, não deixaria que uma mulher manchasse a minha imagem. Em fúria levantei, segurei na sua cintura e a coloquei com força na poltrona dela, a prendendo com o cinto.
— Já chega! Nem mais uma palavra, Maria Luíza! — ajeitei suas coxas, e por um instante vi seu semblante mudar ao sentir como apertei próximo à sua virilha. Nossos olhares se cruzaram e não tirei a mão de lá. — Se gosta da forma como te aperto... — deslizei a mão para um pouco mais perto da área íntima, no meio das pernas — Sugiro que obedeça.
Ela não respondeu, mas vi como ficou ofegante. Aquilo seria interessante...