Capítulo 4 Preciso que trabalhe para mim
Carina estava com as mãos suando. Queria ir logo ao assunto.
"Sobre o que queria falar comigo? Fiz algo de errado?". Ela falou sem ao menos respirar. Estava com medo da resposta e ainda mais com medo de perder o emprego.
Ela ganhou a atenção de Estefano. Que deu um sorriso antes de responder, abraçou um tom sarcástico. "Bem, isso parecia um pouco diferente. Parece que você está se entregando. Agora eu que te pergunto Carina. Você fez algo de errado?"
Ela sentiu seu rosto ficar vermelho novamente. "N-não, não foi o que eu quis dizer. Mas você não vem muito por aqui. Algo sério deve ser." Ela disse tentando se justificar.
Ele deu outro sorriso e assentiu. "Sim. Preciso dos seus serviços. Quero que trabalhe diretamente para mim."
Ela ficou com um semblante confuso. Mas ele contínuo.
" Sei que tem origens italianas. Sua mãe se não me engana."
Carina sentiu angústia. Será que sua mãe tinha algo com aquilo.
"Sim. Mas o que isso importa? Só tenho o sangue da parte dela. Mas eu nasci lá."
"Isso que eu quero. Preciso de uma pessoa que nasceu na Itália. Sabe." Ele se manteve e começou a caminhar pela sala, aparentemente ele viu uma garrafa de uísque e pediu ao seu filho uma dose, enquanto Carina o observava atentava a cada movimento.
"Quero expandir os meus negócios para a Itália. E alguém com cidadania realmente me ajudaria a ficar mais próximo aos meus objetivos."
"Que tipo de negócios? O que quer que eu faça?" Ela disse em um tom preocupado.
"Não quero saber por agora. Porém…. Antes de embarcar eu vou te contar qual a sua missão. Mas antes preciso que você aceite."
Aquilo parecia estranho demais. O homem que ela viu duas vezes na vida queria que ela aceitasse um trabalho em uma terra que ela não lembrava de ter visitado alguma vez. Sua expressão era cada vez mais satisfatória. Até que a voz de Stefano interrompeu seus pensamentos.
"Vou te pagar muito bem por isso. Na verdade. Quero te deixar milionária. O que você acha ?"
O interesse de Carina mudou. Aquilo era tudo que ela queria desde muito tempo. Entre tantos planos, o de ter dinheiro suficiente para viver bem era o principal. Mas ela continua calada, esperando que ele desse mais alguma informação.
"Vou direto ao ponto Carina. O que você vai fazer será fácil. Mas não vai te colocar em algum risco. Mas preciso que me ajude. São apenas negócios e eu pago muito bem e pelo que minha equipe de TI contorna, parece que o sonho é comprar um apartamento daqueles." Ele iniciou para o prédio mais alto do Central Park.
Carina respirou fundo. Como ele sabia de tudo isso. "Até onde você sabe sobre minha vida, Sr. Stefano?"
Ele bebeu um show de Whisky, e deu uma risada alta. "Posso dizer que os jovens de hoje em dia escrevem BASTANTE em redes sociais. Isso é um alerta minha querida. Qualquer um pode ter suas informações. É preciso tomar cuidado."
Carina ficou um pouco pensativa, aquilo era tentador e bom demais para ser verdade. E pensar que tudo aconteceu por que tem o sangue italiano, ela não esperava que isso algum dia pudesse dar alguma vantagem.
"Mas tem um problema. Suponho que você precise de alguém que seja fluente. E eu não sei quase nada sobre a língua falada naquele país. Vim para cá muito nova e minha mãe me ensina algumas coisas e algumas canções. Mas ela foi embora muito nova. Não tenho como aprender assim tão fácil."
Ele se sentiu novamente na cadeira. Olhou para os olhos de Carina. "Eu já pensei em tudo. Imaginei que sabia. Por isso o Bruno está aqui. Ele é professor de italiano. Ele vai te dar algumas aulas. Foi bom você falar. Você só pode aceitar se você aprender pelo menos o básico. Por isso você vai viajar daqui a pelo menos um mês. Isso se você aceitar, é claro."
Carina olhou novamente para o Bruno. Ele estava degustando o Whisky. E com tantas informações ela se esqueceu que ele estava ali. Mas ela teve uma impressão que ele não tirava os olhos dela.
"Onde você aprendeu italiano?" Ela perguntou um pouco tímida.
"Eu sou italiano. Minha mãe é de lá. Vivo nos dois continentes. Tenho dois lares." Ele tomou mais uma golada da bebida e emendou. "Vai ser um prazer trabalhar com você querida. Acho que podemos nos dar bem."
Ela respirou fundo. Olhou nas mãos do Bruno, eram grandes e pareciam firmes. Era claro que ela não deixaria a oportunidade daquilo passar.
"Bom. Acho que não tenho nada a perder…. Eu aceitei sua proposta. Quando podemos começar?"
Os sorrisos dos homens a pegaram de surpresa. Ela teve a impressão que tudo isso foi mais fácil do que eles planejaram.
"Só tem mais uma coisa. Ninguém daqui pode saber sobre essa conversa. Vou pedir para dar baixa nos seus documentos. Agora você não trabalha mais aqui. Pode arrumar suas coisas."
Antes que Carina pudesse assentir Stefano completou. "Está recomendado de usar as redes sociais. Preciso que desative todas."
Carina arregalou os olhos. "Ou ele não confia em mim, ou estou entrando em uma completa furada." Ela pensou enquanto tentava assimilar.
"Não vou correr nenhum risco de vida. Não é mesmo? Você me garante?"
"Claro!" Ele falou tentando acalmar. "Eu só preciso que isso fique entre a gente. Você deve imaginar que eu tenho muitos negócios nesta cidade. Com isso eu junto alguns inimigos que gostam de saber meus próximos passos. Isso é apenas incluído."
Carina se sentiu mais tranquila, até se lembrar de Bella. "Mas e minha irmã?" Sua pergunta soou quase como um grito.
"Ela não pode saber, infelizmente. Mas eu também pensei sobre isso. Já que você quer tanto morar em um daqueles prédios. Eu vou ceder um para você ficar durante esse mês de aulas. Diga a sua irmã que você vai viajar a trabalho. Não precisa mais do que isso."
Carina olhou pensativa pela janela. Sua irmã tinha sido diagnosticada com diabetes a pouco tempo, o dinheiro que as duas ganhavam não dava para pagar as próprias contas, mas ainda tinha um problema. Arthur acumulou muitas dívidas com uma agiota, e para piorar eles foram ao menos 3 vezes no orfanato para vasculhar em busca de dinheiro.
Com medo de serem mortos, mais da metade do salário iria para um escritório mal cuidado no subúrbio, a dívida estava longe de ser aniquilada. E o restante do dinheiro iria para os remédios de insulina da irmã, já que ficar sem eles era a mesma coisa de condenar a morte.
Carina não se imaginava sem a irmã, não poderia pensar que por causa dela, sua irmã poderia morrer. Se caso se tornasse mesmo milionária as coisas poderiam mudar e ela é a irmã poderia ao menos ter qualidade de vida sem se preocupar com dinheiro.
"Minha irmã está doente, não tem nada mesmo que eu possa fazer? Não quero deixar assim." Ela falou com os olhos já cheios de lágrimas.
"Vou pedir para cuidarem bem dela, não se preocupe, está bem? Do que ela precisa? Insulina?"
Carina se assustou, como ele sabia daquela informação? Mas aquilo já não importava, se ele fez ao menos alguma coisa pela irmã, até ela voltar dessa viagem já estava bom.
"Sim, precisa de insulina. E é difícil conseguir, como deve saber, tenho problema em conseguir dinheiro até mesmo para cuidar dela."
Ele deu meio sorriso e depois ficou sério novamente.
"Pelo visto os seus problemas acabaram, não acha? Vou mandar pacotes de insulina para ela usar dentro de um ano. Assim quando você retornar ela ainda vai ter que usar por muito tempo."
Carina se sentiu aliviada, ao menos uma parte dos seus problemas havia sido resolvida, agora só tinha que arrumar uma desculpa para dar para a irmã, uma que justificasse a sua ausência.