Capítulo 4 A Esposa Abandonada
O brilho suave do lustre de cristal acima lançava sombras elegantes pelo chão de mármore. Tudo neste apartamento de luxo gritava luxo, frio e sem alma. É engraçado como o dinheiro podia comprar tudo, exceto o amor.
Estava sentada ereta na poltrona de designer extragrande, pernas cruzadas como uma rainha em seu trono, exceto que isso não era um conto de fadas. Era um campo de batalha. Meu campo de batalha.
Brandon Blackwell, meu marido, estava em frente a mim em um elegante terno Armani como se fosse dono do mundo. Talvez ele fosse, mas agora? Queria arrancar aquele paletó perfeitamente ajustado de seu corpo arrogante e atear fogo.
Seus olhos cinza gelados me encaravam, calculando.
— Aria, eu não vim aqui para brigar. Vim para te dizer como as coisas vão ser.
Levantei uma sobrancelha, girando a taça de champanhe em minha mão.
— É mesmo? — Dei um gole lento, saboreando o gosto, qualquer coisa para evitar jogá-lo em seu rosto. — Bem, por favor, me ilumine, Brandon.
Ele enfiou as mãos nos bolsos, casualmente, como se isso fosse apenas mais um negócio de sala de reuniões.
— Savannah vai se mudar.
Fiquei imóvel, a taça tremendo levemente em minha mão antes de forçar meus dedos a apertarem.
— Nossa? — Coloquei a taça com um leve tilintar na mesa de vidro. — E aqui eu pensei que vocês já estavam compartilhando uma cama pelas minhas costas. Acho que agora você quer torná-la oficial?
A mandíbula de Brandon se apertou.
— É complicado, Aria.
Ri, levantando-me para minha altura total, meus saltos clicando no mármore como tiros.
— Nossa, não, Brandon. Na verdade, é muito simples. Você está me traindo. E agora quer desfilar com ela na minha casa como se pertencesse aqui.
Seus olhos escureceram.
— Não é assim.
— Pudera, por favor — disse, cruzando os braços. — Não insulte minha inteligência. Nós dois sabemos exatamente o que isso é.
— Eu a amo — disse ele em uma confissão, como se isso foi justificativa para tudo.
Pisquei. As palavras cortaram através de mim, mas eu me recusei a deixá-lo ver a ferida.
— Você a ama... Hum... — repeti com um sorriso frio. — Certo. E quanto a mim, Brandon? Você já me amou alguma vez? Ou eu era apenas mais um contrato em sua fantasia de construção de império?
Sua boca se contorceu, mas ele não respondeu.
— Nossa — respirei, balançando a cabeça. — Isso era tudo que eu precisava saber.
Ele deu um passo em minha direção.
— Aria, não seja dramática.
— Dramática? — Ri amargamente. — Você traz sua amante para minha casa e espera que eu finja que está tudo bem? Você não tem ideia do que é drama, querido. Mas acredite em mim, você está prestes a descobrir.
Ele esfregou a nuca, de repente parecendo menos seguro. Bom!
— Ela não é mais uma amante — murmurou ele.
Meus olhos se estreitaram, minha voz afiada como uma lâmina.
— Não? Então o que ela é? Sua segunda esposa? Sua pequena jogada de marketing para fingir uma ‘família feliz’ enquanto me empurra para o lado?
Ele desviou o olhar, e foi aí que eu soube.
— Nossa, meu Deus — sussurrei. — É exatamente isso que você está fazendo.
— Isso faz sentido, Aria. Savannah e eu...
Levantei uma mão.
— Não. Não ouse terminar essa frase.
O silêncio se estendeu entre nós como um fio teso pronto para se romper.
— Então deixe-me entender — disse finalmente, a voz perigosamente calma. — Você quer que eu fique nesta casa, sorria para as câmeras e deixe ela se mudar como se fosse dona do lugar. Enquanto você a exibe como se fosse seu novo troféu? Você realmente acha que eu posso ser sua esposa de fachada, uma figura que você pode substituir sem pensar duas vezes?
Ele piscou, pego de surpresa pelo termo.
— Uma esposa de fachada? — repetiu ele, seu tom vacilando por um momento antes de recuperar sua frieza. — Isso não é o que parece. — Ele expirou, claramente frustrado. — É negócio, Aria. Você sabe o quão importante é a imagem. O conselho...
Ri novamente, afiada e fria.
— Não ouse trazer o conselho para isso. Isso não é sobre negócios. Isso é sobre você pensando que pode ter tudo, a esposa, a amante e o império.
Os olhos de Brandon faiscaram, sua própria raiva surgindo.
— Você sempre foi difícil, Aria. Sempre resistindo, sempre lutando contra mim.
— É mesmo? Bem, adivinhe, Brandon? Você se casou com uma lutadora.
Sua expressão escureceu.
— Você sabia no que estava se metendo.
Dei um passo mais perto, tão perto que eu podia ver os reflexos de prata em seus olhos.
— Não, Brandon. Eu me casei para ser sua esposa, não sua peça. Você não pode reescrever as regras no meio do jogo.
Ele me encarou por um longo momento, e por um breve segundo, pensei ter visto algo como arrependimento em seus olhos. Mas desapareceu num piscar de olhos.
— Estou te oferecendo uma maneira de manter sua posição — disse ele friamente.
— Minha posição? — Zombei. — Como se eu fosse apenas uma peça no seu tabuleiro corporativo de xadrez?
— Se você sair, perderá tudo — avisou ele.
Sorri, devagar e perigosamente.
— Nossa, querido. Você deveria saber agora, eu nunca jogo um jogo que não posso vencer.
Brandon me olhou como se nem reconhecesse a mulher diante dele e talvez não reconhecesse mesmo. Porque eu não era a mesma mulher que entrou nesse casamento cega pelo amor e lealdade.
— Te dou um dia para pensar sobre isso — disse ele, virando-se em direção à porta.
— Não se preocupe — chamei atrás dele, minha voz fria como gelo. — Já tomei minha decisão.
Ele parou, mas não se virou para me encarar.
— Espero que ela tenha valido a pena, Brandon — acrescentei em voz baixa. — Porque você acabou de perder a melhor coisa que já teve.
E com isso, saí da sala, cabeça erguida, com o coração partido, mas juro que não deixaria ele me ver cair.
Assim que entrei no meu quarto, deixei a máscara cair. Minhas mãos tremiam enquanto me apoiava na porta, meu peito subindo e descendo em respirações profundas.
Como ele ousava?
Encarei minha reflexão no espelho, perfeitamente polida, perfeitamente quebrada.
Se Brandon queria uma guerra, ele estava prestes a descobrir exatamente como isso se parecia. Caminhei até meu armário, puxei minha mala e comecei a fazer as malas. Quando terminei, olhei para o meu telefone.
Um nome na minha lista de contatos se destacava: Ethan Stone. O antigo braço direito de Brandon. Que agora é um bilionário. O único homem que sempre me viu.
Hesitei por um segundo, então apertei para ligar.
Quando ele atendeu, sua voz profunda deslizou pela linha como seda.
— Aria?
— Oi — disse, engolindo meu orgulho. — Você ainda é bom em derrubar impérios?
Ele não respondeu, mas então soltou uma risada lenta e perigosa.
— Sempre. Você está pronta para queimar tudo?
Sorri, sombria e afiada.
— E como estou pronta!